O uso da ivermectina não foi eficaz em tratar a Covid-19 leve ou moderada em pacientes com comorbidades. Essa é a conclusão de estudo feito na Malásia e publicado na sexta-feira (18) na revista “Jama Internal Medicine”.

De acordo com a pesquisa, realizada com 490 pessoas, cerca da metade (241) recebeu o remédio e a outra metade (249), não. Em cada grupo, cerca de 50% dos participantes estavam vacinados com as duas doses de alguma vacina contra a Covid.

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Além disso, 75% dos voluntários tinha pressão alta; 53,5%, diabetes; 38%, colesterol alto e 24%, obesidade. A definição sobre quem receberia ou não a ivermectina foi aleatória, mas os participantes sabiam se estavam ou não recebendo o medicamento.

O estudo mostrou que, dos 490 pacientes, 95 tiveram um quadro grave de Covid-19. Desses, 52 receberam a ivermectina, e os outros 43, não. Também não houve diferença entre o tempo que a doença levou para progredir entre os dois grupos – ou seja, o remédio não foi capaz de adiar a piora do quadro.

“Neste ensaio clínico randomizado de pacientes de alto risco com Covid-19 leve a moderado, o tratamento com ivermectina durante a doença inicial não impediu a progressão para doença grave”, conclui o estudo.

A publicação destaca que, em 2021, dois ensaios clínicos randomizados da Colômbia e Argentina não encontraram efeito significativo da ivermectina na resolução dos sintomas e nas taxas de hospitalização de pacientes com Covid-19. Uma meta-análise da Cochrane também encontrou evidências insuficientes para apoiar o uso de ivermectina para o tratamento ou prevenção de Covid.

“Apesar desses achados, a ivermectina é amplamente prescrita para Covid-19, contrariando a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de restringir o uso do medicamento a ensaios clínicos. 19 No presente ensaio clínico randomizado, estudamos a eficácia da ivermectina na prevenção da progressão para doença grave entre pacientes de alto risco com Covid-19 na Malásia”, diz o estudo.