A cidade de Xiong’an, no norte da China, está sob quarentena intensiva depois de as autoridades terem descoberto cinco casos da Covid-19 na cidade. Os ‘lockdowns’ são comuns na China com a política ‘zero casos’, mas há algo estranho nas restrições impostas àquela que é considerada a ‘cidade do futuro’ – poucas pessoas fora, e mesmo algumas dentro da cidade, pareciam não saber o que estava acontecendo.

O jornal alemão ‘Die Zeit’ revelou que Xiong-an, uma cidade com 1,3 milhões de pessoas a menos de uma hora de carro de Pequim, entrou em confinamento na última segunda-feira sem qualquer anúncio oficial do Governo, notícias ou qualquer referência nas redes sociais.

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“Esperamos que este bloqueio dure cerca de uma semana mas o momento exato é incerto”, frisou um funcionário do Governo. As autoridades montaram bloqueios na cidade e disseram às pessoas que tinham de entrar em quarentena domiciliar. O ‘Die Zeit’ relatou ainda que alguns moradores receberam mensagens na última segunda-feira de contas anônimas no WeChat, um aplicativo de mensagens, informando que a cidade ficaria bloqueada nos próximos sete dias.

Ao mesmo tempo, a polícia surgiu em restaurantes e lojas e disseram aos proprietários que tinham de fechar os seus negócios durante uma semana. No entanto, alguns moradores dizem que não sabiam que estava acontecendo um ‘lockdown’ até mesmo depois de as autoridades terem fechado a cidade, de acordo com a publicação alemã.

As autoridades podem estar mantendo a quarentena em segredo devido ao estatuto único da cidade na China e ao momento sensível provocado pelos próximos Jogos Olímpicos de Inverno, em Pequim. Xiong’an é a cidade mais recente da China, considerada a ‘cidade do futuro’ no país – até recentemente era apenas um local rural perto de Pequim. Em 1º de abril de 2017, o presidente chinês Xi Jinping designou três cidades agrícolas pouco povoadas como a “Nova Área de Xiong’an”, e os trabalhadores começaram a construir infraestruturas.

Na época, o projeto Xiong’an parecia destinado a ajudar a aliviar uma Pequim cada vez mais lotada e congestionada, que é uma das maiores cidades do mundo, com 21,5 milhões de habitantes.

O Governo chinês disse que pretende transferir todas as “funções não-capitalistas” de Pequim para Xiong’an, o que inclui algumas empresas estatais, escritórios governamentais menos críticos e instalações de pesquisa.