Pacientes com plano de saúde relatam dificuldades para conseguir autorização das operadoras para fazer o exame de detecção do coronavírus, mesmo depois de uma resolução normativa da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) ter regulamentado a cobertura obrigatória de testes para a infecção. A obrigatoriedade está valendo desde a última sexta-feira (13).

O casal Anderson Leão e Alinda Araújo levaram o filho quatro anos anos, que apresentava sintomas fortes de gripe, ao Hospital Santa Lúcia, em Brasília, no início da manhã desta segunda-feira (16). Ao solicitarem a realização do teste para Covid-19, via plano de saúde, funcionários do hospital informaram que a operadora não estava autorizando e ofereceram o serviço de forma privada, ao custo de R$ 690, segundo relataram.

“O hospital tinha capacidade de fazer o exame, mas o plano não autorizou. A gente só não efetuou o pagamento particular porque foram feitos outros exames e meu filho acabou sendo diagnosticado com dengue”, disse Alinda.

O autônomo Antônio Furtado Lustosa passou pela mesma dificuldade, mas acabou tendo sucesso. Seu pai, de 87 anos, apresentava uma tosse persistente, e ele o levou ao mesmo hospital, também na manhã desta segunda. Na triagem, foi pedido o exame para Covid-19. Inicialmente, a unidade hospitalar informou que o teste não estava sendo feito via plano de saúde e ofereceu o exame de forma particular.

“Eu questionei sobre a obrigação do plano de cobrir o exame e fomos orientados a falar diretamente com a operadora. Não está havendo autorização automática, como ocorre para outros procedimentos”, relatou Lustosa. Após uma longa ligação telefônica, envio do pedido do exame para a operadora e uma espera de várias horas, Lustosa conseguiu a autorização para o teste do pai.

A reportagem da Agência Brasil apurou que outros pacientes com planos de saúde também estão enfrentando dificuldades e burocracia para obter autorização de operadores para o teste, mesmo com pedido médico.

Agência Nacional de Saúde Suplementar

De acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que regula os planos privados de saúde, a orientação é que o usuário com sintomas do novo coronavírus entre em contato com a operadora e se informe sobre os locais de atendimento.

“O exame deverá ser feito nos casos em que houver indicação médica. O médico assistente deverá avaliar o paciente de acordo com o protocolo e as diretrizes definidas pelo Ministério da Saúde, a quem compete definir os casos enquadrados como suspeitos ou prováveis de doença pelo [novo] coronavírus que terão direito ao teste. Nas situações em que o médico verificar que o exame é indicado, portanto, deverá orientar o paciente a procurar sua operadora para pedir indicação de um estabelecimento de saúde da rede da operadora apto à realização do teste”, informou a agência.

A ANS ressaltou que cada operadora de plano de saúde definirá o melhor fluxo para para atendimento de seus beneficiários. Algumas operadoras estão oferecendo, inclusive, a possibilidade de exame domiciliar, como forma também de prevenir riscos de contágio e para não superlotar as unidades hospitalares. “É importante ressaltar que o conhecimento sobre a infecção pelo Covid-19 ainda está em construção e os protocolos e diretrizes do Ministério da Saúde podem ser revistos a qualquer tempo”, acrescentou a agência reguladora, em nota enviada à reportagem.

A Agência Brasil tentou entrar em contato com a assessoria do Hospital Santa Lúcia, mas, até o fechamento da reportagem, não obteve retorno.