O coronavírus teve uma nova variante identificada na África do Sul, a B.1.1.529, que já causa temores globais devido às mutações genéticas. No total, são 50 variações do vírus, sendo 30 na proteína spike, que o vírus utiliza para se prender às células humanas.

Embora ainda não existam comprovações científicas sobre um possível aumento de transmissão e anulação da imunidade adquirida com as vacinas, diversos países já fecharam suas fronteiras a pessoas oriundas do sul da África: Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Holanda, Cingapura, República Checa e Israel já restringiram a entrada de visitantes.

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A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou em seu Twitter que irá propor “um freio emergencial para interromper os voos procedentes da região do sul da África”. A União Europeia deve decidir nesta sexta-feira (26) sobre as restrições de viagens.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) também reúne-se nesta sexta para avaliar a nova variante, que pode ser classificada como de interesse ou de preocupação, como é a delta.

“Nos surpreendeu, a variante deu um grande salto na evolução com muitas mais mutações do que esperávamos”, afirmou o brasileiro Tulio de Oliveira, diretor do Centro para Resposta Epidêmica e Inovação da África do Sul, em coletiva.

A nova variante já foi detectada em 100 casos na África do Sul e também em Botswana (3 casos confirmados), Israel (1 caso confirmado e 2 suspeitas) e Hong Kong – levada por um viajante sul-africano. A província sul-africana de Gauteng pode ter até 90% dos novos casos com a nova variante, segundo cientistas do país.

“Embora os dados sejam limitados, nossos especialistas estão fazendo hora extra com todos os sistemas de vigilância estabelecidos para entender a nova variante e quais podem ser as implicações em potencial”, declarou o Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis da África do Sul em comunicado.

“É apropriado estar preocupadoe porque o vírus parece ter uma capacidade maior de escapar das defesas que todos nós construímos como resultado das vacinas”, disse David Nabarro, da OMS, à BBC.

Tulio de Oliveira alerta à rápida propagação da nova variante na África do Sul e fez um pedido, em sua rede social, para que as potências econômicas mundiais ajudem os países africanos.

“A nova variante é realmente preocupante por seu nível de mutação. África do Sul e África precisam de suporte (financeiro, de saúde pública e científico) para controlar e evitar que se espalhe pelo mundo. Nossa pobre população não pode ficar em lockdown sem apoio financeiro”, escreveu no Twitter.

Preocupação afeta o câmbio
O temor generalizado de uma nova onda de Covid-19 fez o dólar saltar mais de 1% frente ao real na manhã desta sexta. Na máxima do dia, a moeda norte-americana chegou a saltar 1,38%, a R$ 5,6424. O Ibovespa futuro para dezembro operou em queda de 2,71%, aos 103.590 pontos, às 9h.

Em Nova York, o Dow Jones futuro caiu 2,33%, e o Nasdaq futuro opera em baixa de 1,06%.

Na Europa, os principais índices despencaram entre 2% e 3% – o índice Stoxx 600, que reúne empresas de setores-chaves em 17 países europeus, recuou 2,64%.

As bolsas asiáticas também fecharam com queda expressivo, com destaque negativo para Hong Kong e Japão. O índice Hang Seng, em Hong Kong, registrou queda de 2,67%.