O governo autônomo da Irlanda do Norte anunciou, nesta quarta-feira (14), as restrições mais duras impostas atualmente em todo o Reino Unido contra o coronavírus, em um momento em que aumenta a pressão sobre o primeiro-ministro Boris Johnson para que aplique um novo confinamento que, segundo ele, seria um “desastre” mas não quis descartar.

“É preciso uma intervenção urgente para interromper a propagação do vírus e evitar que a situação se agrave”, afirmou a chefe de governo, Arlene Foster, ao anunciar no Parlamento regional as novas medidas que entrarão em vigor na sexta-feira (16) durante quatro semanas.

Com 1,9 milhão de habitantes, a Irlanda do Norte registrou mais de 800 novos casos diários na última semana.

Junto à atual proibição de reunir-se em ambientes internos com familiares e amigos com quem não se conviva, todos os bares e restaurantes fecharão ao público, mas poderão vender refeições para levar até 23h.

Além dos bares e restaurantes, barbearias, salões de beleza e massagem também terão que fechar, exceto para “intervenções terapêuticas essenciais”. E “viagens desnecessárias” não são recomendadas.

Os comércios permanecerão abertos, mas tomarão medidas para “garantir que o setor faça todo o possível para suprimir o vírus” e não poderão vender álcool após 20h, destacou Foster.

Todos deverão voltar ao teletrabalho, a menos que seja impossível, e as universidades foram solicitadas a darem suas aulas online. Na educação primária e secundária, as férias de outubro serão estendidas de uma a duas semanas, até 1o de novembro.

Enquanto isso na Inglaterra, apenas a cidade de Liverpool e seus arredores – com 600 casos de covid-19 por 100.000 habitantes – entraram nesta quarta-feira em um nível “muito alto” de alerta, com o fechamento de pubs e bares.

“Tem que começar por algum lugar”, disse à AFP um morador de Liverpool, Tony King, considerando que “todas as cidades acabarão fazendo o mesmo”.

“É uma reação muito exagerada”, criticou por sua vez Lynn Curtis, uma aposentada que denunciou essas “medidas drásticas”.

Em todo o Reino Unido, o número de mortos por covid-19 já supera os 43.000, mais do que qualquer outro país da Europa, e os casos disparam: na terça-feira, foram registrados mais de 17.000.

Neste contexto, Johnson, que tenta a qualquer custo evitar um novo confinamento nacional de catastróficas consequências econômicas, recebeu críticas do líder da oposição, o trabalhista Kier Starmer, chamando-o a aplicar restrições mais rígidas por ao menos duas semanas em outubro para “quebrar o circuito” dos contágios.

Mas o primeiro-ministro garantiu na Câmara dos Comuns que isso seria um “desastre”. “Não queremos fazer isso, queremos uma abordagem local”, afirmou, embora tenha dito que “não descartaremos nada, é claro, na luta contra o vírus”.