Um estudo português, que analisou mais de 200 animais, apontou que os gatos são mais propensos a ter sintomas e os cães têm maior carga viral. Até o momento não há evidência de que estes bichos possam infectar humanos. O relatório também apontou que cães e gatos podem ser infectados com o SARS-CoV-2 ao estarem em contato com humanos contaminados.

“Digamos que estamos perante uma zoonose reversa”, explica Isabel Fidalgo-Carvalho, pesquisadora no Centro de Pesquisa Vasco da Gama, em Coimbra, em Portugal, e uma das autoras do estudo. “Ou, seja, é uma doença que passou de animais para pessoas e agora revela que é igualmente capaz de passar de pessoas para animais”.

Publicado na Microorganisms, o estudo contou ainda com a participação de outros pesquisadores das Universidades do Porto e de Coimbra. “É que já estávamos estudando o vírus em animais com a capacidade de infectar outras espécies. O foco da nossa análise eram os cavalos, mas dada a maior proximidade de cães e gatos com humanos, optamos por ajustar a pesquisa”, prosseguiu a cientista.

A explicação para este contágio no sentido inverso, explica, parece assentar nos confinamentos, em que os animais foram o grande apoio de muitas pessoas – e isso pode ser revelado um momento propenso para passagem do vírus dos donos para os animais.

Assumindo que, segundo os dados recolhidos, os gatos são mais propensos a ser contamiados, mas os cães conseguem transmitir cargas mais altas do vírus, Isabel Fidalgo-Carvalho faz questão de destacar que o foco da pesquisa é “proteger os animais” – não recomendando, portanto, qualquer isolamento de animais domésticos. “O que pudemos constar, nestes casos, é que são os bichos que correm maior risco”.