Ainda que alguns governantes mundias teimem — de maneira absolutamente irresponsável — em reduzir os impactos da Covid-19, estudos recentes mostram que o mundo pós-pandêmico corre o risco de apresentar graves retrocessos no desenvolvimento financeiro, sociopolítico e ambiental do Planeta. Em seu recém-lançado Relatório dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2020, a Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que o esforço global de 15 anos para melhorar a vida das pessoas em todo o mundo por meio dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030 está seriamente ameaçado.“Antes da pandemia da Covid-19, o progresso permaneceu desigual e já não estávamos no caminho de cumprir as metas 2030”, alerta o secretário geral da ONU, António Guterres, em sua carta de abertura do documento, e completa: “Agora, a crise sem precedentes nos sistemas de saúde, econômico e social está ameaçando vidas e meios de subsistência, tornando a conquista de metas ainda mais desafiadoras”.

Fabio X

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) mais de 13 milhões de pessoas foram infectadas com o vírus no mundo e mais de 570 mil perderam suas vidas. É também como consequência da pandemia que a ONU estima queda de 4,2% no PIB per capita neste ano levando um contingente adicional de 71 milhões de pessoas a viver em condições de extrema pobreza. É como se, em menos de um ano, toda a população do Reino Unido e da Suíça não tivessem mais recursos para satisfazer suas necessidades básicas.

Para agravar a condição da população, o colapso dos sistemas de saúde levou diversos países a suspender a vacinação infantil e mais de 1,6 bilhão de estudantes estão fora das salas de aula. Se o retrato do presente é feio, sem acesso à saúde e à educação é difícil imaginar como as gerações futuras terão meios de viver em condições melhores do que a de hoje. Ainda há volta? Com vontade política e investimentos robustos qualquer sociedade se reinventa, mas o primeiro passo é admitir o problema.

Fabio X

(Nota publicada na edição 1180 da Revista Dinheiro)