Com 68 anos de história, a Zoetis é líder mundial no segmento de saúde animal – medicamentos veterinários, além de produtos para diagnósticos e testes genéticos. Imune à pandemia, já que o setor foi considerado de atividade essencial, a companhia projeta para 2021 investimento global de US$ 465 milhões em pesquisas e desenvolvimento. E parte desse recurso servirá para dar mais musculatura à operação brasileira. “O Brasil possui uma combinação para o agronegócio, com alto investimento em tecnologias, clima favorável e tradição agrícola” afirmou à DINHEIRO Luis Xavier Rojas, presidente da empresa no País.

A Zoetis possui linha com mais de 300 medicamentos e soluções. “As tecnologias desenvolvidas vão de genética (predizer), vacinas (prevenir), detecção (diagnóstico) a tratamento de doenças”, disse o executivo, nascido nos Estados Unidos e criado na Venezuela. O foco na inovação é parte do DNA. São mais de 1 mil profissionais pelo mundo dedicados somente para pesquisa e desenvolvimento. A empresa tem 10 mil colaboradores (espalhados em 25 plantas). Cerca de 800 no País, onde a Zoetis opera uma fábrica em Campinas, que produz para o mercado local, além de outros 65 países.

Rojas vê como principais desafios para a Zoetis e o setor a conscientização do produtor. O fluxo financeiro depende de o profissional que está na ponta final ter um cuidado moderno com os animais, como apoio de um veterinário que esteja atualizado com as práticas de saúde. “Esse investimento gera produtividade e melhora o rebanho”, disse o executivo. “Outro obstáculo a ser superado é fazer com que esse conhecimento chegue a todo o Brasil, inclusive ao interior, nas fazendas de médio e pequeno porte.”

NÚMERO A fome de negócios demonstrada pela empresa se reflete nos resultados do terceiro trimestre. A Zoetis faturou globalmente US$ 1,8 bilhão, alta de 13% em relação ao mesmo período do ano passado – no Brasil, foram US$ 62,2 milhões, crescimento de 18% na comparação com 2019. A receita mundial no último ano atingiu US$ 6,3 bilhões, sendo US$ 293 milhões no País. Proporcionalmente, houve queda, já que o Brasil respondeu por 4,6% da receita total ao longo de 2019, mas no terceiro trimestre esse share se reduziu para 3,4%. Os resultados de 2020 serão divulgados apenas em fevereiro de 2021.

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“O Brasil possui uma combinação para o setor de agronegócio, com investimento constante em tecnologias, clima favorável e tradição agrícola.” Luis Xavier Rojas Presidente da Zoetis.

O que a companhia fatura globalmente é mais de cinco vezes superior a todo o mercado nacional. O Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan) aponta receita de R$ 6,5 bilhões no Brasil em 2019. A estimativa para 2020 é de cerca de R$ 7,2 bilhões, segundo o vice-presidente da entidade, Emilio Carlos Salani. Para o executivo, enquanto a exportação de biológicos (vacinas para a raiva e aftosa, por exemplo) é bastante modesta (estimada entre 3 milhões e 5 milhões de doses anuais) “por ser realizada apenas para a América Latina”, a venda de produtos veterinários farmacêuticos a outros países está muito aquecida. “Daqui saem muitos itens, como endectocidas (antiparasitário) e carrapaticidas, para atender a outros países”, disse Salani, ao destacar que o Brasil é “top 3” em qualidade de vacinas e em produtos farmacêuticos, em disputa direta com França e Alemanha pelo segundo lugar. Os Estados Unidos lideram.

Apesar do desempenho, as dificuldades têm sido grandes. Pesquisa do Sindan com 35 das mais de 80 empresas que compõem o setor no Brasil aponta que 74,3% constataram aumento nos custos dos insumos durante a quarentena. E ao menos 40% das companhias relataram que seguem com dificuldade na importação desses materiais, muitos deles provenientes da Ásia – não é uma realidade para a Zoetis. Para a companhia, o foco é investir na inovação e manter-se na liderança. A empresa parece vacinada contra a crise.