Localiza, Avis, Unidas e Hertz, as quatro maiores locadoras de veículos do País, disputam com o pé no fundo do acelerador uma corrida maluca. Acusações de dumping na briga por clientes corporativos, blefe sobre o tamanho das frotas de carros e engorda artificial na carteira de clientes fazem parte das regras. A voracidade é proporcional ao prêmio em jogo. O negócio de aluguel de carros está em expansão e, somente este ano, movimenta a fortuna de R$ 1,4 bilhão em torno da locação de uma frota de 130 mil veículos. Nos EUA, a frota disponível para locação é de 1,7 milhão de carros. Aqui, o setor tem duas mil empresas, mas a rixa é mesmo entre as grandes, cujos executivos se divertem ao comentar tropicões dos concorrentes. Para o usuário, um conflito saudável. O preço do aluguel de um carro no País baixou cerca de 10% nos últimos três anos.

No meio do ano, uma concorrência aberta pela empresa de prestação de serviços Brasanitas mostrou com nitidez o grau de concorrência no setor. Mais de dez locadoras atenderam ao chamado de apresentar preços para a locação, por dois anos, com valor fixo, de 100 carros Gol. A maioria entregou propostas à base de R$ 800 por mês. Houve quem derrubasse a oferta para R$ 700, gesto insuficiente para cobrir a proposta de pouco mais de R$ 500 feita pela Unidas. ?Estamos agredindo o mercado de forma bastante incisiva?, diz Hiroshi Kawai, diretor da empresa que, de fato, tem vencido a maioria das rinhas no mercado corporativo, responsável por 65% do total de locações no País. Para os concorrentes, isso tem relação com o fato de a empresa ser administrada pelo fundo de investimentos Latin American Partners, cujo interesse seria o de aumentar a carteira de clientes para, em seguida, vender a companhia. ?Uma coisa é ser agressivo, outra, camicase?, diz um dos perdedores

Na frente corre a Localiza, empresa que atua em 11 países. Nas contas informais do mercado, sua frota, operada por mais de cem franqueados, é de 12 mil veículos, mas o diretor Antônio Cláudio Rezende jura administrar 25 mil carros. Em 1997, a Localiza realizou uma operação de private equity com o banco DLJ, de Nova York. Em troca de 33% de participação acionária, a empresa recebeu uma injeção de US$ 50 milhões e, no ano seguinte, captou mais US$ 100 milhões. ?Estamos no azul, nos preparando para abrir o capital da empresa?, diz Rezende. Competidores dizem que se não fossem as duas operações, a Localiza enfrentaria problemas. Eles lembram que a empresa amargou em 1999 um prejuízo de US$ 4,4 milhões, resultado que Rezende não confirma. ?Tivemos lucro de R$ 14 milhões no ano passado?.

O jogo de manobras pouco esportivas se estende a quem está em terceiro e quarto lugares no ranking informal do setor. Ali engalfinham-se a Hertz, maior locadora de veículos do mundo, e a Avis, outra gigante. A primeira atua com poucos franqueados e frota própria paga à vista. Tem como sócio majoritário a Ford. Na Avis, só há franqueados. O corpo mundial da empresa apenas repassa reservas aos operadores brasileiros. Já são 60 mil este ano. ?Somos leves e, assim, vamos crescer rápido?, diz o franqueado Afonso Celso de Barros. E, assim, lá vão eles.