Resultados consistentes de inclusão requerem estratégia e paciência, já que precisam de prazo para aparecer. De acordo com mapeamento realizado pelo Instituto Ethos, a igualdade racial no ambiente de trabalho só será alcançada em 150 anos. A estimativa causa espanto, mas não pode levar à paralisia. E a Corteva Agriscience é uma das empresas que pretende transformar a realidade sem esperar um século e meio. A mudança começa na contratação e se estende pela jornada na empresa. “Recrutar é uma parte, se você não trabalhar com todo o processo de desenvolvimento, acaba naquela história: convidando para a festa, mas não chamando para dançar”, afirmou Claudia Pohlmann, diretora de Recursos Humanos da empresa para América Latina.

Das 171 novas vagas preenchidas por candidatos externos no Brasil neste ano, 92% foram para representantes de grupos minorizados como mulheres, negros, pessoas com necessidades especiais e LGBTI+. Já o programa de estágio, implementado em agosto de 2020, passou por duas ondas de contratação. Na primeira, 49% dos contratados eram negros. Na segunda, o número aumentou em 20 pontos porcentuais. Para garantir o aumento da diversidade, a Corteva adotou medidas para reduzir o viés inconsciente no processo de admissão. Entre elas, ações afirmativas e de conscientização por meio de Grupos Internos de Afinidades, além de treinamento dos líderes.

Com o ambiente interno preparado para a inclusão, era preciso aumentar as chances de ascensão na empresa. Assim surgiram iniciativas como o programa de mentoria. Voltado para pessoas que acabaram de entrar e para aqueles que já fazem parte da companhia, o programa tem o objetivo alavancar o conhecimento e assegurar oportunidade de desenvolvimento para habilitá-los a futuras promoções.

Para a executiva, quanto “mais abrangente e inclusivo for a descrição da vaga, maior é a probabilidade de s um processo mais inclusivo”. Tornar menos rígidas algumas regras antes consideradas requisitos básicos também é um caminho. Um exemplo é a flexibilização do nível de inglês entre os estagiários. Claudia diz que apenas com esse fato o aumento da probabilidade de contratação de um jovem negro passa para 78%.

Reconhecer desafios para a inclusão étnico-racial é um primeiro passo, mas não suficiente. É preciso fazer sentido para a empresa. “Quando você conecta a importância de diversidade e inclusão com o propósito da Corteva, que é de enriquecer vidas, fica evidente a necessidade de ter essa representatividade”, afirmou a executiva.

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