Empresa investigada pela CVM por oferta irregular de investimentos em criptomoedas, a BlueBenx suspendeu o saque aos usuários da plataforma por um período de 180 dias devido a um suposto ataque hacker, relatam usuários.

No entanto, os clientes seguem desconfiados de que o problema seja uma invasão cibernética realmente, visto que o negócio já passava por uma forte pressão em suas operações.

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É comum que esquemas fraudulentos financeiros digam que foram alvos de ataques para ganhar tempo com clientes, principalmente quando a situação foge do controle. Não está claro se esse é o caso da BlueBenx ainda.

Alguns deles foram pessoalmente à sede da empresa, na capital paulista, em busca de esclarecimentos, mas não encontraram ninguém. Pelo menos 15 pessoas registraram a ocorrência na tarde desta sexta (12) no Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC).

A nota da empresa limita-se a mencionar um hack agressivo nos pools de liquidez de criptomoedas da plataforma.

Ainda segundo relatos no Reclame Aqui, todos os canais de atendimento da empresa foram desativados, vedando o acesso a informações mais detalhadas sobre o caso. A empresa teria prometido divulgar novas informações na próxima segunda-feira, 15, mas os clientes não se mostraram dispostos a esperar e exigem maiores esclarecimentos de forma imediata.

O perfil oficial da BlueBenx no Instagram foi desativado. No Twitter, a última postagem publicada pela empresa é de 10 de agosto, comentando os efeitos positivos que a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor dos EUA (CPI) teve sobre o mercado de criptomoedas.

A BlueBenx Finance é uma fintech brasileira fundada em 2017 e tem como principal negócio o investimento em criptomoedas. No e-mail enviado aos clientes, eles afirmam estar “tomando essa ação hoje para reestruturar a BlueBenx Finance, visando em um futuro próximo honrar com todas as nossas obrigações”

Processo administrativo na CVM

Em 2019, a Comissão de Valores Mobiliários abriu um processo administrativo para investigar a BlueBenx por supostas irregularidades em uma oferta de contratos de investimentos coletivos envolvendo o Bitcoin (BTC).

Na época, a Superintendência de Proteção e Orientação a Investidores (SOI) viu indícios de oferta pública irregular de valores mobiliários nesta modalidade de investimento oferecida pela empresa, uma vez que ela “divulgava retornos de investimento elevados para quem investisse em ‘bitcoins’ por meio da plataforma de negociação disponibilizada e vendida pela Ofertante, além de afirmar que seus sócios tinham Certificação Profissional ANBIMA (“CPA”), dentre outros atrativos; e disponibilizava um Termo de Uso e Condições Gerais, que o investidor interessado deveria assinar para poder obter acesso aos serviços oferecidos pela sociedade.”

Em janeiro deste ano, a CVM rejeitou uma proposta de acordo encaminhada pela BlueBenx para encerramento do processo administrativo mediante o pagamento de uma multa de R$ 150.000. A autarquia brasileira rejeitou a proposta da empresa indicando que achou arriscado celebrar o acordo na ocasião nos termos da suspeita.