Cartas, encomendas, selos, chips e recargas para celular. A partir desta segunda-feira, 6, os Correios lançam sua operação de telefonia móvel, vendendo chips e recarga para planos pré-pagos de celular em 12 agências da cidade de São Paulo. Há quatro anos com prejuízos e após passar recentemente por um programa de demissão voluntárias, a empresa espera encontrar uma nova fonte de receitas com a telefonia móvel, atuando no modelo de operadora virtual, bastante popular na Europa.

Para 2017, as expectativas do projeto são conservadoras: faturar R$ 14 milhões, com 500 mil usuários até o final do ano. Em 2018, a meta é de receita de R$ 60 milhões. “Esperamos que, em cinco anos, faturemos R$ 300 milhões e tenhamos 8 milhões de usuários. É uma progressão que pode fazer a diferença para a empresa”, disse Guilherme Campos, presidente dos Correios, durante entrevista coletiva realizada na manhã da segunda-feira, em São Paulo. No ano passado, a estatal registrou prejuízo em torno de R$ 2 bilhões.

A operação começa nesta segunda com o plano Alô 30: por uma recarga mensal de R$ 30, os usuários terão 100 minutos para qualquer celular e fixo de qualquer DDD, franquia de dados de internet de 1 GB e WhatsApp gratuito, sem cobrança na franquia. Cada chip, por sua vez, vai custar R$ 10.

Por enquanto, o serviço será vendido apenas em São Paulo. A meta é atingir o público das classes C, D e E. “Começamos por São Paulo para garantir viabilidade comercial. Não estamos fazendo Vale Celular, não há subsídio: quem não puder pagar R$ 30, não vai poder usar a Correios Celular”, disse Campos. Além das 12 mil agências que têm os Correios hoje pelo País, as recargas poderão ser feitas em 1,6 mil pontos de venda da Cielo – em breve, também haverá recarga pela internet e pelo celular.

Nos próximos meses, a empresa deve começar a oferecer chips em Brasília e Belo Horizonte – a meta é alcançar todos os Estados do Brasil até o fim do ano. Em 2018, os Correios vão começar estudos para definir a viabilidade de oferecer planos pós-pagos.

Operadora virtual

Ter uma operadora é um projeto antigo dos Correios, desde que, em 2010, a Anatel liberou o modelo de operadoras virtuais no País. Nesse sistema, uma empresa ou organização pode vender chips e planos de telefonia móvel, sem precisar se preocupar com a infraestrutura de telecomunicações – tarefa que cabe a uma operadora parceira. É o que vai acontecer na Correios Celular: enquanto os Correios cuidam do atendimento, a infraestrutura será responsabilidade da EUTV, empresa que venceu licitação realizada pela estatal em maio do ano passado.

O aspecto curioso do processo é que a EUTV também é uma operadora virtual – só que do tipo autorizada, que tem de investir em infraestrutura e cuida de parte das conexões dos usuários. A EUTV utiliza a rede da TIM, como é o caso de outras operadoras virtuais brasileiras, como a Porto Seguro Conecta.

“Por enquanto, usamos a cobertura da TIM. Além disso, compramos um espectro da frequência do 4G no último leilão da Anatel em São Paulo e estamos analisando investimentos para ir além da cobertura da TIM no resto do País”, disse Yon Moreira, presidente da EUTV. Segundo ele, a meta de cobertura da Correios Celular é de 3,6 mil municípios até o final do ano.