Uma dama de 50 anos, tão relevante hoje quanto era em seu nascimento, em 1970, preparada para os desafios tecnológicos atuais e do futuro. Cinco décadas depois de ser inventada por três cientistas da Corning Optical Communication, a fibra óptica de baixa perda para telecomunicações é a principal fonte de receitas da empresa americana, que completará 170 anos no ano que vem. A companhia surgiu exatamente das inovações a partir de materiais como em vidro e cerâmica e tem na sua divisão de telecomunicações, com o filamento flexível de vidro que conduz grande quantidade de dados em alta velocidade, um negócio que faturou US$ 4 bilhões em 2019 – 34,8% dos US$ 11,5 bilhões em vendas totais da empresa.

No Brasil, 40% dos imóveis possuem acesso a esse dispositivo. Ou seja, há 60% de espaço a ser conquistado. E as perspectivas com a implementação das redes 5G a partir do ano que vem são otimistas. Um enorme campo a ser explorado pelas vertentes de fibra óptica da Corning: de redes regionais e de longa distância a redes submarinas. Tadeu Viana, vice-presidente de vendas da Corning para a América Latina e Caribe, diz que a fibra óptica transporta 50 mil vezes mais informações do que um cabo de cobre tradicional para computador. “O mundo não seria do jeito que é. Um vídeo de streaming demoraria dias para o filme chegar”, afirmou à DINHEIRO. “É uma inovação que elevou o nível de comunicação do nosso planeta.”

No mundo, são mais de 5 bilhões de quilômetros de fibra óptica instalados. Desses, 1 bilhão foram produzidos pela Corning, líder do mercado global, que atingiu a marca em 2017. A velocidade característica da transmissão de dados que correm pelos filamentos de vidro é a mesma com que a produção desse material avança atualmente. Se a companhia levou 47 anos para fabricar 1 bilhão de quilômetros, deve levar cinco ou seis anos (até 2023) para chegar aos 2 bilhões.

No mercado brasileiro, a Corning atua há 75 com soluções de vidros e cerâmicas resistentes a altas temperaturas, como travessas para cozinhas, por exemplo. O negócio de fibra óptica para telecomunicações começou por aqui apenas em 2013, quando foi adquirida uma fábrica no Rio de Janeiro. De 2017 para cá, a operação local cresceu “dois dígitos altos”, segundo Viana, enquanto a média de aumento global nas receitas foi de 7%. Em terras verde-amarelas, o faturamento é formado 90% por vendas de fibra óptica.

MERCADO “O volume de produção é muito grande. No Brasil, a maior demanda, hoje, ainda é para levar a fibra óptica à casa das pessoas”, disse o executivo da Corning, que tem nas operadoras de celular e de internet banda larga seus principais clientes. Eles já trocaram suas próprias redes de cobre por fibra óptica e agora investem para que esse cabeamento chegue aos consumidores. “Quem não dá um passo à frente, automaticamente dá um passo para trás. Todos estão correndo para avançar em fibra e conquistar mais mercado”, afirmou Viana.

As malhas de cabos implantadas agora também suportam a carga que virá do futuro 5G, pois os filamentos de vidro são versáteis, absorvem larga escala de dados – 50TB por segundo – e são mais duráveis. “Não importa que tecnologias serão inventadas, a fibra vai aguentar. O limite teórico é muito mais alto”, disse Tadeu Viana. Assim, os investimentos feitos pelas operadoras em fibra óptica são mais seguros. E a partir do leilão das frequências da quinta geração de internet, que deve ser realizado pelo governo federal no primeiro semestre do ano que vem, haverá abertura de outros nichos para a Corning. Mais antenas serão instaladas mais próximas uma das outras para levar o 5G até os consumidores. Essas ligações serão feitas por fibra óptica.

Seguindo a tradição da companhia, no Brasil também são desenvolvidos produtos, como as caixas de conexão de cabos, focadas em instalações de postes. Esse item, inclusive, atende à demanda interna das operadoras de telefonia e internet e também já é exportado para África, Índia e Oriente Médio, que possuem características semelhantes de clima e de mercado, que necessitam de custo-benefício atraentes. Dessa forma, a Corning, que desenvolveu o invólucro de vidro em forma de bulbo para a lâmpada incandescente inventada por Thomas Edison, criou as janelas resistentes ao calor dos foguetes da Nasa, além do vidro fino e resistente dos celulares, segue crescendo com fibra.