A Coreia do Norte submeteu durante décadas prisioneiros de guerra sul-coreanos e seus descendentes trabalhos forçados em uma ampla rede de minas de carvão, afirmou uma organização de defesa dos direitos humanos.

Dezenas de milhares de prisioneiros sul-coreanos nunca foram libertados por Pyongyang após a Guerra da Coreia (1950-1953).

Esses detentos foram enviados a minas de carvão para viver em condições análogas à escravidão e seus filhos e netos herdaram esse mesmo destino cruel, segundo um relatório da Aliança Cidadã pelos Direitos Humanos na Coreia do Norte (NKHR), publicado na quinta-feira (quarta, 24, no Brasil).

O sistema conhecido como “songbun” classifica os cidadãos da Coreia do Norte com base em suas origens sociais e políticas.

A absoluta lealdade às autoridades é um fator crucial e aqueles cujos antepassados colaboraram com o inimigo japonês ou foram capitalistas ficam em último lugar.

“Esse sistema songbun é transmitido a seus filhos e netos, que seguem trabalhando em minas de carvão, chumbo, zinco, magnésio e outros”, indica o documento da ONG sediada em Seul. Isso os impede de “trocar de casa, emprego ou realizar estudos mais avançados”, acrescenta.

A Coreia do Norte invadiu o Sul em 1950 e, até o cessar-fogo, centenas de milhares de soldados foram capturados em ambos os lados da Zona Desmilitarizada.

De acordo com a Convenção de Genebra de 1949, um país não pode manter prisioneiros de guerra após o fim de um conflito, mas Pyongyang só permitiu o retorno de 8.343 sul-coreanos.

Em 2014, um relatório da ONU estimou que ao menos 50 mil prisioneiros de guerra sul-coreanos permaneceram no Norte após a guerra e que cerca de 500 ainda estavam vivos.

O governo de Seul, no entanto, ignorou o sofrimento dessas pessoas, que foram esquecidas nas cinco cúpulas intercoreanas, disse à AFP Joanna Hosaniak, autora do relatório.

A Coreia do Norte afirma que respeita os direitos humanos e que devolveu todos os prisioneiros de guerra.