Mesmo com a alta recente da inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, manter a Selic (a taxa básica da economia) em 2% ao ano. Esta é a quarta vez que a Selic não sofre alteração, após nove cortes consecutivos. Com isso, a taxa se manteve no piso da série histórica do Copom, iniciada em junho de 1996.

A decisão da noite desta quarta-feira, 20, era largamente aguardada pelo mercado financeiro. De um total de 58 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast, todas esperavam pela manutenção da Selic em 2% ao ano.

Para o fim de 2021, as casas esperam desde uma Selic estável em 2% até um aumento dos juros a 4,75% ao ano. A projeção mais comum é que a taxa acabe 2021 em 3,50%.

As dúvidas sobre a possibilidade de o BC manter a Selic em 2% ao ano por muito tempo se ampliaram recentemente. Isso porque dados mostraram uma inflação acelerada. O IPCA – índice oficial de inflação – fechou dezembro com alta de 1,35%. Gastos com alimentação e preços administrados (como energia elétrica) têm pressionado o índice. No acumulado de 2020, houve alta de 4,52%. Neste cenário, com uma inflação mais alta, o BC seria obrigado a subir os juros.

Com expectativas de inflação mais elevadas, o mercado financeiro vem projetando o reinício da alta de juros para meses mais próximos.

Conforme o Relatório de Mercado Focus, que compila as projeções das instituições financeiras, a expectativa mediana é de que a Selic suba em agosto deste ano. Estes cálculos, porém, foram feitos antes da decisão de hoje do Copom.

O centro da meta de inflação perseguida pelo BC em 2021 é de 3,75%, com margem de 1,5 ponto (de 2,25% a 5,25%). A meta de 2022 é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (de 2% a 5%).