O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um pronunciamento bastante aplaudido na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP27, nesta quarta-feira (16).

Logo ao chegar ao evento, parte da plateia começou a cantar “Olê, olê, olê, olá, Lula, Lula”.

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No seu discurso, Lula afirmou que pretende criar um ministério para representar os povos originários do Brasil, uma vez que, segundo ele, eles são os mais afetados pelo desmatamento e pela degradação da Amazônia e de outros biomas brasileiros.

Além disso, Lula fez uma série de críticas ao governo de Jair Bolsonaro (PL), afirmando que as eleições no país foram acompanhadas com uma atenção inédita pelo mundo por representar uma luta contra o avanço da extrema-direita no Brasil e do negacionismo climático.

“Esse convite, feito antes da posse, é um reconhecimento de que o mundo tem pressa de ver o Brasil participando novamente das discussões sobre o futuro do planeta”, afirmou Lula.

Segundo ele, uma frase muito ouvida entre líderes mundiais é de que “o mundo sente saudades do Brasil” em relação à questão climática.

“Então gostaria de dizer que o Brasil está de volta. E está de volta para reatar os laços com o mundo e ajudar a combater a fome. Para cooperar com os países mais pobres, sobretudo da África. Para estreitar nossas relações com países latino-americanos e caribenhos. Voltamos para ajudar a construir uma ordem mundial pacífica baseada no diálogo e no multilateralismo”, afirmou.

Lula também fez referências a diversas questões atuais que estão provocando novos desafios pelo mundo.

“Vivemos um momento de crises múltiplas, crescentes tensões geopolíticas e a volta da possibilidade de guerra nuclear. São tempos difíceis, mas foram nos tempos difíceis e de crise que a humanidade sempre encontrou força para superar seus desafios”, afirmou.

Apesar do tom positivo, Lula fez críticas à ONU, sobretudo ao seu Conselho de Segurança, dizendo que ele está ultrapassado por apenas ter como membros os vencedores da Segunda Guerra Mundial e que mais países precisam ter protagonismo na organização como um todo.

Além disso, criticou o fato de muitos acordos acabarem não sendo cumpridos. “Em 2009 os países presentes na COP15 se comprometeram a mobilizar US$ 100 bilhões a partir de 2020 para ajudar os países pobres a enfrentar as mudanças climáticas. Minha volta é para cobrar aquilo que foi prometido na COP15”, afirmou Lula, que disse que uma marca de seu novo governo será um perfil muito mais “cobrador”.

Ele também fez um apelo por uma mudança nos mecanismos decisórios em relação ao clima.

“O mundo está precisando de uma governança global, porque as decisões quando são levadas ao nível nacional não são aprovadas. Se existe uma questão em que precisamos de uma governança global, é a questão climática, com um fórum multilateral que tenha poder decisório, senão a questão apenas irá mudar de uma gaveta para outra.”, afirmou.