A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) quer que práticas agrícolas e tecnologias adotadas por produtores brasileiros para o cumprimento do Código Florestal e relacionadas ao Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC) sejam aceitas internacionalmente para o cálculo de redução de emissões de gases de efeito estufa do Brasil. A proposta é um dos tópicos do posicionamento da entidade, em nome do setor agropecuário brasileiro, para a 6ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 26), que ocorrerá de 1º a 12 de novembro em Glasgow, na Escócia, e será entregue ao governo federal nesta terça-feira (5).

A entrega ocorrerá em evento online do qual participarão o presidente da CNA, João Martins, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Álvaro Pereira Leite, o secretário executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcos Montes, e o chefe da Área de Mudança do Clima do Itamaraty, André Maciel. Além de apresentar sua posição, a CNA também participará da COP 26, em Glasgow.

A COP 26 deve reunir representantes dos 196 países signatários do Acordo de Paris, tratado internacional para reduzir o aquecimento global assinado durante a COP 21, em 2015, na capital francesa. O foco do Acordo é evitar o aumento da temperatura média do planeta em 1,5º a 2,0ºC até o ano de 2100. Na ocasião, cada país estabeleceu suas próprias metas, a chamada “Contribuição Nacionalmente Determinada” ou NDC, considerando circunstâncias locais. As metas do Brasil são reduzir as emissões de gases do efeito estufa em 37% até 2025, 43% até 2030 e atingir a neutralidade de carbono até 2050, em comparação às emissões do País em 2005.

“Grande parte do compromisso brasileiro recai sobre o setor agropecuário e o uso da terra, que somados são responsáveis por mais da metade da matriz das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs) do País. Apesar de o Brasil contribuir com apenas 2,8% das emissões globais e não possuir o histórico de emissões de GEEs como os países desenvolvidos, recai sobre o País a responsabilidade de manter a maior cobertura vegetal tropical do planeta e de possuir uma agricultura tecnificada e pujante”, aponta a CNA no documento ao qual o Estadão/Broadcast teve acesso.

No posicionamento, a CNA destaca cinco temas considerados pelo setor os mais relevantes nas negociações do acordo climático na COP 26: definições objetivas sobre o mercado de carbono; adoção do plano de ação negociado em Koronívia, que trata da inserção da agropecuária no Acordo de Paris; financiamento para que se cumpra o Acordo de Paris; adoção de mecanismos focados em “adaptação”; e produção e preservação pautadas pela ciência e pela legalidade.