Donald Trump Júnior e sua namorada na segunda-feira; Melania, Eric e Tiffany, nesta terça (25); Lara na quarta; e Ivanka quinta: a convenção republicana gira totalmente em torno dos Trump, um sinal do envolvimento inédito da família presidencial nos assuntos políticos dos Estados Unidos.

A intervenção dos filhos e cônjuges dos candidatos americanos faz parte do ritual das campanhas presidenciais dos EUA. Na convenção democrata da semana passada, os filhos e netas de Joe Biden, rival de Trump na eleição presidencial de 3 de novembro, também destacaram as qualidades do ex-vice-presidente de 77 anos.

“Mas o que é incomum nos Trump é que podem falar não só da personalidade do candidato e suas qualidades, mas também do fundo, das orientações políticas nas quais estão diretamente envolvidos”, disse Costas Panagopoulos, professor de Ciência Política na Universidade Northeastern, de Boston.

“Não são simples membros da família, são funcionários do governo, personalidades políticas”, acrescentou.

De fato, Donald Jr., Ivanka e Eric Trump, os três filhos do ex-magnata imobiliário de Nova York com sua primeira esposa, Ivana, trabalham como assessores na Casa Branca, ou são defensores ardorosos de suas políticas, além de estarem envolvidos em sua campanha eleitoral.

– Contundente –

Na noite de segunda-feira, Donald Jr., que sonha abertamente com um dia chegar à Presidência, pronunciou um discurso particularmente contundente contra os democratas, os quais acusou de “atacarem os pais fundadores” do país e de incentivarem “protestos, saques e vandalismo” nas cidades que governam.

Um pouco antes, sua namorada, Kimberly Guilfoyle, ex-apresentadora da Fox News que hoje é uma das responsáveis pelas finanças da campanha Trump 2020, denunciou aos gritos que os democratas querem que os americanos sejam “escravos” de uma ideologia de esquerda.

Hoje será a vez de Melania. A primeira-dama, terceira esposa do presidente, tentará deixar para trás as acusações de plágio geradas por seu discurso na convenção republicana de 2016, quando algumas de suas frases se assemelharam ao discurso de Michelle Obama na convenção democrata de 2008.

Ivanka, que acompanhou seu pai em grandes reuniões internacionais e faz parte, assim como seu marido, Jared Kushner, da equipe de assessores da Casa Branca, será a estrela da noite de quinta-feira e apresentará seu pai, cujo discurso encerrará a convenção.

– Disputas familiares –

Mas certamente nem todos os familiares concordam sobre a capacidade de Trump para governar o país por mais quatro anos. A sobrinha do presidente, Mary Trump, autora de um livro recém-publicado que o descreve como um narcisista patológico e mentiroso, evidentemente não participará da convenção.

O evento também não contará com a presença da irmã de Donald Trump, Maryanne Trump Barry, uma ex-juíza federal de 83 anos, que chamou o presidente de mentiroso e cruel.

Dada a valsa dos assessores na Casa Branca desde 2017, a forte presença dos Trump na convenção mostra que “quando se trata de encontrar pessoas capazes de promovê-lo para os americanos, Trump confia antes de mais nada em sua família”, afirmou Katherine Jellison, cientista política da Universidade de Ohio.

Nunca na história recente dos Estados Unidos a família de um presidente desempenhou um papel tão importante. Estaria a família Trump indo longe demais neste aspecto?

“Isso cabe aos eleitores americanos decidir”, destacou Penagopoulos.