O diretor financeiro do Deutsche Bank, James von Moltke, afirmou nesta sexta-feira que a instituição financeira controla o seu “próprio destino”, em meio a relatos de que o governo da Alemanha estaria pronto para dar apoio regulatório a uma fusão com o Commerzbank como forma de sanar temores de acionistas e clientes em relação à saúde dos dois bancos.

A declaração foi dada pelo executivo em resposta a uma pergunta da âncora da emissora CNBC Annette Weisbach sobre se ele estava “preocupado” com a possibilidade de as pressões de mercado “empurrarem” o Deutsche Bank para uma situação indesejada. Von Moltke se negou, contudo, a comentar especificamente as especulações sobre a fusão com o concorrente.

“Estamos completamente focados na nossa própria empresa e nos planos que definimos”, garantiu. “(Foi o que) demonstramos, francamente, em 2018, quando enfrentamos vários desafios, tanto nos mercados quanto os que eram idiossincráticos a nós, que nós conseguimos gerenciar os nossos negócios passando por aquele período e emergir mais fortes.”

O executivo defendeu que o trabalho de reestruturação a que o Deutsche Bank se submeteu no ano passado dá à instituição “uma fundação para o crescimento”. “Essas expectativas de crescimento não estão refletidas (no preço da) nossa ação, pelo meu julgamento”, argumentou. “Acho que isso é algo que investidores deveriam olhar e falaremos muito com eles hoje”, acrescentou, referindo-se à teleconferência após a divulgação, mais cedo, do balanço trimestral.

Embora tenha registrado prejuízo líquido de 425 milhões de euros no quarto trimestre, o Deutsche Bank anunciou hoje o primeiro lucro anual em quatro anos, com lucro líquido atribuído a acionistas de 267 milhões de euros em 2018, revertendo perdas de 751 milhões de euros do ano anterior. “Nossa volta para a lucratividade mostra que o Deutsche Bank está no caminho certo”, comentou o executivo-chefe do banco, Christian Sewing, no comunicado oficial.

Brexit.
Von Moltke destacou ainda que o pior cenário possível no Brexit, em que o Reino Unido acabe por deixar a União Europeia sem qualquer acordo no próximo dia 29 de março, é algo que “claramente” tem de ser “levado a sério” neste momento.

“Então, montamos os sistemas, os processos e as ferramentas de governança para assegurar que estaremos aptos a servir aos nossos clientes em 1º de abril, se chegasse a isso”, garantiu. Uma separação abrupta “é potencialmente uma causa de ruptura nos mercados, mas é algo para que estamos preparados”, completou.

Questionado sobre os impactos tanto da saída britânica do bloco como dos conflitos comerciais dos Estados Unidos com a China e a União Europeia sobre o Deutsche Bank, Von Moltke negou que esses riscos pudessem “descarrilar” o banco.

Sobre as tensões comerciais, o executivo avaliou que foram um fator significativo a alimentar as preocupações dos mercados, “como refletido no quatro trimestre e no seu impacto sobre o crescimento econômico”, mas “certamente há a perspectiva de que possa melhorar em tempo, à medida que as partes cheguem a acomodações que sejam construtivas para suas próprias economias e a economia global”.