A Polícia Federal prendeu nesta quarta-feira, 13, o empresário Wesley Batista. O executivo é investigado em inquérito sobre manipulação do mercado financeiro. A prisão faz parte da 2ª fase da Operação Tendão de Aquiles, deflagrada em junho, que tem base em inquérito aberto no dia 19 de maio a partir do Comunicado ao Mercado 02/2017 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que tornou pública a abertura de cinco processos administrativos para apuração de transações que teriam assegurado ao grupo ganhos milionários da noite para o dia no mercado financeiro.

Em maio, os acionistas controladores da JBS – a FB Participações e o Banco Original – promoveram uma venda milionária de ações da companhia. O montante foi de R$ 155,288 milhões, envolvendo cerca de 18,6 milhões de papéis. Parte dessas ações, no entanto, foi comprada pela tesouraria da JBS, em uma operação que totalizou R$ 55,5 milhões entre os dias 17 e 22 do mês passado.
Enquanto a empresa comprava suas próprias ações, os acionistas controladores se desfaziam de papéis. As vendas pelos controladores ocorreram nos dias 16 e 17 de maio, às vésperas da revelação de que executivos do grupo fizeram uma delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato. Operações de venda também foram registradas nos dias 22, 29, 30 e 31 de maio. Todas foram realizadas por intermédio da corretora Bradesco.

No dia 16 de maio, foram vendidas 984.900 ações, ao preço de R$ 10,11. Nesse pregão, o papel recuou 8,62%, a R$ 9,86. No dia seguinte, os controladores se desfizeram de 3.635.000 ações, ao preço de R$ 9,66. A desvalorização ao fim do pregão foi de 3,65%, a R$ 9,75. Também no dia 17, a tesouraria da JBS comprou R$ 35,6 milhões em ações da empresa.

Mais tarde, após o encerramento dos negócios na Bolsa de Valores, vieram à tona notícias sobre as delações de executivos da JBS, incluindo informações sobre a gravação de uma conversa entre Joesley Batista e o presidente Michel Temer sobre a compra do silêncio do deputado afastado Eduardo Cunha, que atualmente está preso.

Os irmãos Joesley e Wesley Batista, principais acionistas do grupo, teriam auferido ganhos extraordinários no mercado de compra e venda de dólares e ações do grupo quando o teor das delações dos executivos estava na iminência de ser conhecido.

Em 22 de maio, controladores venderam 682.600 ações à cotação de R$ 7,81. O declínio do papel nesse pregão foi de 31,34%, a R$ 5,98.

Em 29 de maio, eles venderam 7.004.100 ações, ao preço de R$ 7,86. O papel encerrou a sessão com queda leve de 0,13%, a R$ 7,70.

Em 30 de maio, foram vendidas 2.220.000 ações, à cotação de R$ 7,64. O papel caiu 3,90%, a R$ 7,4.

Por fim, em 31 de maio, os controladores se desfizeram de 4.109.100 ações, à cotação de R$ 8, sendo que o papel subiu 9,05%, a R$ 8,07. Conforme antecipou o Broadcast, em abril os acionistas controladores venderam R$ 328,5 milhões em ações da empresa.

Dólar. Ainda em maio, a JBS confirmou em nota à imprensa que as movimentações realizadas pela companhia no mercado de câmbio estavam alinhadas à sua política de gestão de riscos e proteção financeira. O Estadão/Broadcast antecipou que a empresa teria adquirido entre US$ 750 milhões e US$ 1 bilhão antes da deflagração da nova crise no País como consequência de gravações feitas pelos donos da empresa, os irmãos Joesley e Wesley Batista.

“A companhia esclarece que gerencia de forma minuciosa e diária a sua exposição cambial e de commodities”, informa a JBS, no comunicado.

Na época, a também JBS informou que “todas as operações de compra e venda de moedas, ações e títulos realizadas pela J&F, suas subsidiárias e seus controladores seguem as leis que regulamentam tais transações”.