Durante quase 15 dias, uma equipe de dois biólogos e três veterinários atraiu a atenção de saguis que foram capturados com o objetivo de colher amostras para verificar a circulação do vírus da febre amarela em dois parques municipais de São Paulo, que estavam fechados e foram reabertos no fim de março, e em uma área de proteção da zona sul.

O trabalho, realizado por profissionais da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, começava cedo, às 6 horas da manhã, e terminava quando o último animal sedado para a realização da coleta de sangue e colocação de microchip despertava, o que poderia ocorrer até por volta das 17h.

“A gente começou a fazer a captura em parques urbanos, porque eles (saguis) recebem comida e é mais fácil capturá-los. A gente vai para os parques, coloca as armadilhas com alguma isca e eles caem. Pegamos o animal, sedamos, coletamos sangue, microchipamos e fazemos uma marcação na cauda para a gente saber quem é”, explica Juliana Summa, diretora da Divisão de Fauna Silvestre .

“A gente fez no (parque) Severo Gomes, no Alto da Boa Vista, que é um parque de proteção e conservação, e terminamos agora no Burle Marx .” Foram capturados nove, cinco e 11 animais, respectivamente, cujo material será enviado para o Instituto Adolfo Lutz para análise.

Ao contrário da espécie bugio, os saguis nem sempre dão sinais de que foram infectados. “Eles não ficam do mesmo jeito dos bugios, que morrem. Esses animais podem não ter sintomas. A captura é uma maneira de investigar se os animais saudáveis foram infectados e entender como o vírus circula.”

Juliana afirma que o grupo pretende se reunir nesta semana para verificar quais outras regiões devem ser monitoradas. O trabalho não foi realizado enquanto os 27 parques municipais estavam fechados por causa do volume de trabalho.

“Estávamos recebendo muitos animais para necropsia e a prioridade, naquele momento, era verificar a circulação do vírus para poder imunizar a população, porque os macacos são sentinelas.”

A experiência que os profissionais tiveram foi compartilhada no último final de semana com técnicos de 13 Estados, entre eles Minas Gerais, Pernambuco, Espírito Santo e Bahia.

“Mostramos como fizemos essa vigilância para garantir que as pessoas não corressem o risco de morrer por febre amarela. A rapidez no fluxo permite que as decisões sejam tomadas rapidamente”, afirma.

De acordo com a secretaria, desde outubro, quando mortes de macacos com febre amarela começaram a ser contabilizadas, houve a confirmação de 149 óbitos de animais por infecção pelo vírus na capital. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.