O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve avançar 0,9% neste ano, segundo estimativa divulgada hoje (11) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A leve alta, menor que a projetada no começo do ano, acontecerá com o apoio do varejo, que deve apresentar incremento de 1,5% no acumulado de 2019.

Na avaliação da entidade, por meio do Informe Conjuntural do terceiro trimestre, as indústrias brasileiras deverão apresentar incremento de tímidos 0,4% reflexo, na avaliação de gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, do sentimento crescente de que o processo de aprovação das reformas indispensáveis ao crescimento da economia será mais demorado e complexo do que inicialmente percebido e os poucos avanços na agenda de redução do custo Brasil.

Mesmo o crescimento do varejo será menor que o verificado ano passado, quando a categoria apresentou alta de 1,9% e dava sinais de que a retomada estava mais próxima. “As vendas no comércio varejista têm crescido, mas este movimento não tem sido transmitindo para a indústria, que segue quase estagnada principalmente por conta da falta de competitividade”, diz Castelo Branco.

Na avaliação do economista, muito além das reformas estruturantes já em curso, o País precisaria dar maior ritmo para avanços que impactem, de modo concreto, o custo Brasil. “Perdemos competitividade tanto nos mercados internos quanto internacionais por conta das adversidades como os logística ineficiente, tributação onerosa, burocracia excessiva e elevado custo de capital. Nesse cenário adverso, vendemos menos e, consequentemente, a produção da indústria é menor”, afirma.

O ponto positivo, no entanto, fica por conta do investimento, que deve subir 2,1% segundo as estimativas da CNI. A cifra é maior que os 2,1% previstos no segundo trimestre e se dá em função da melhora de alguns indicadores econômicos e redução da inflação e juros.
Com relação aos juros básicos, hoje em 5,5% ao ano, há no horizonte a previsão de que outros dois cortes sejam feitos pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em 2019. Outro indicador aponta que o déficit nominal deve recuar de 7,14% do PIB, em 2018, para 6,43%, em 2019.

“A redução é explicada pela manutenção do patamar de déficit primário e a redução de 0,7 ponto percentual do PIB nas despesas com juros nominais”, informa a CNI. O déficit nominal, no entanto, continua a ser superior ao necessário para estabilizar a relação Dívida Bruta/PIB, que deve passar de 77,2%, em 2018, para 78,4%, em 2019.

Outro favor sensível para o ambiente de negócios é o comportamento do câmbio. Nesse caso, a previsão do segundo trimestre foi mantida em R$ 3,75 em dezembro e uma média anual de R$ 3,90, a manutenção dos números se dá pelo recente impacto de fatores conjunturais, como a guerra comercial entre Estados Unidos e China e a crise na Argentina. “A presença de mudanças estruturais, pelo menos no médio prazo, da política monetária doméstica também afeta a desvalorização do real frente ao dólar”, reporta o informe.

Por fim, a expectativa da CNI é que o saldo comercial desde ano fique em US$ 49,2 bilhões, com as exportações registrando US$ 228,4 bilhões (número inferior aos US$ 238 bilhões previstos no segundo trimestre) e a importações totalizando US$ 179,2 bilhões (a previsão anterior era de US$ 190 bilhões). Se confirmada a projeção, o superávit será de US$ 49 bilhões, o que significa 16,12% menos que o registrado em 2018 (R$ 58,659 bilhões).