Do total de consumo mundial de energia em 2019, 80% pertenceu a energias fósseis, a mesma porcentagem de dez anos atrás, período em que as renováveis só prosperaram ligeiramente, alertou a rede REN21 em um relatório publicado nesta terça-feira (15).

Os combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás), fonte principal do aquecimento global, representavam ainda 80,2% do consumo de energia no final de 2019, apenas um décimo abaixo da porcentagem de 2009, aponta esta rede de especialistas dedicada às energias renováveis.

No mesmo período, a porção de energias renováveis cresceu cerca de 5% ao ano mas, devido ao aumento da demanda energética mundial, passou apenas de 8,7% para 11,2% do consumo global, diz este relatório mundial.

“Estamos longe da mudança de paradigma necessária para um futuro energético limpo, mais saudável e mais equitativo”, continua o texto.

“Com subsídios aos combustíveis fósseis de 550 bilhões de dólares em 2019 — quase o dobro do investido em renováveis –, as promessas de ação climática dos últimos dez anos são palavras ao vento”, estimou a diretora do REN21, Rana Abid.

“O ano 2020 poderia ter mudado a tônica”, mas os planos de impulso pós-covid abrangem seis vezes mais investimentos para as energias fósseis do que para as renováveis, denuncia essa rede.

Por outro lado, a rede elogia “os progressos consideráveis” realizados no setor da eletricidade, no qual quase todas as novas instalações são renováveis e que acrescentou mais de 256 gigawatts (GW) em 2020, superando em mais de 30% o recorde anual anterior.

Em um número crescente de regiões, como partes da China, a União Europeia, Índia e Estados Unidos, agora é mais barato construir parques eólicos ou fotovoltaicos do que explorar usinas de carvão existentes, diz a REN21.

“Os governos não devem se contentar com apoiar as energias renováveis, também devem fechar as usinas de combustíveis fósseis”, insistiu Rana Abid.