A Petrobras pretende construir no exterior 100% do casco da plataforma que será usada no projeto piloto do campo de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos. No pedido de autorização para contratar um volume menor de bens e serviços na indústria nacional do que o previsto no contrato de partilha firmado em 2013 – o pedido de waiver – a empresa, operadora do projeto, informa que os estaleiros nacionais não têm capacidade de receber a obra.

“Apenas cinco estaleiros seriam capazes de realizar conversão ou construção de cascos, uma vez que contariam com dique seco de dimensões suficientes: Enor, EAS, Inhauma, ERG e EEP (Enseada). No entanto, Enor e EEP ainda não se encontram em operação, enquanto os outros são totalmente ocupados pelo menos até o segundo semestre de 2018. Além disso, Brasfels e Mauá dispõem de diques menores que não são capazes de receber cascos das dimensões necessárias”, traz o documento divulgado nesta quinta-feira, 9, pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que iniciou consulta pública relativa ao pedido de waiver.

No documento, o consórcio de Libra, operado pela Petrobras, ainda argumenta que os problemas financeiros dos estaleiros nacionais, “juntamente com uma política de setor inadequada, que não forneceu as condições para os estaleiros nacionais desenvolverem uma curva de aprendizagem”, tornaram inviável a contratação do casco em estaleiros nacionais.

Do total de 45 itens que compõem a plataforma de Libra, apenas três poderiam ter os porcentuais de conteúdo local previstos em contrato cumpridos – meios navais, na instalação e integração de módulos; pré-instalação e hook-up das linhas, e sistemas de ancoragem. Na fase de construção do casco da plataforma, inviável de ser realizada no Brasil, segundo Petrobras, os porcentuais estabelecidos em contrato variam de 40% a 90%.