Juliette Freire. Fiuk. Gilberto Nogueira. Ou, com menores possibilidades, Camilla de Lucas e Pocah — que, até o fechamento desta edição, ainda participava da 21ª edição do Big Brother Brasil. A versão 2021 do reality show da TV Globo tem sido uma das mais bem-sucedidas dos últimos tempos. Nos próximos dias, quando ela chegar ao fim, um dos participantes sairá da casa com uma enorme visibilidade e R$ 1,5 milhão em dinheiro para compensar os mais de três meses de cativeiro televisivo. Como a vencedora ou vencedor deve usar essa quantia? Na busca da resposta a essa pergunta, DINHEIRO consultou planejadores financeiros e especialistas em investimentos para saber o que eles recomendam. As sugestões não se resumem aos participantes do BBB. Elas também podem guiar qualquer um que receba uma injeção súbita de liquidez, como a venda de um imóvel, por exemplo.

A primeira recomendação dos especialistas é fazer algo essencial para os brothers e as sisters: observe seu momento. Todos os participantes são jovens, com idades entre 26 e 31 anos. “Nessa idade, a maioria dos investidores brasileiros ainda está na fase de acumulação de recursos”, disse o sócio responsável pela área de private da corretora CM Capital, João Lux. “Eles não possuem um patrimônio consolidado, que está em uma fase de manutenção.” Isso os torna exceções no panorama dos investidores brasileiros. Em geral, investidores nessa faixa etária ainda estão no início de suas carreiras profissionais e mais preocupados com as necessidades de comprar o primeiro imóvel e iniciar uma família.

O que fazer com a bolada de R$ 1,5 milhão? “O investidor tem de pensar, antes de tudo, que não dá para ele se aposentar”, disse o responsável pela área de análise da corretora Singulare, Nicolas Takeo. “Esse investidor é jovem, ainda terá muito tempo pela frente, e esses recursos não são suficientes para garantir uma aposentadoria.” O que não o impede de aplicar os recursos em uma carteira rentável e segura que permita mais tranquilidade no futuro.

Tanto Lux quanto Takeo advertem contra as tentações que aparecem para quem recebe uma quantia expressiva. “Dinheiro e notoriedade atraem muitas ofertas de investimento, tanto em ativos financeiros quanto em empresas, mas poucas dessas ofertas valem a pena”, disse Takeo. Por isso, o mais recomendável é evitar aplicações em empresas ou startups que prometam um crescimento vertiginoso dos lucros e optar por aplicações financeiras mais conservadoras.

A mesma recomendação vale para quem não tem tanta fama como qualquer um dos participantes do reality show. Um dos pilares básicos de qualquer estratégia de investimentos é escolher vários ativos diferentes e que não sejam correlacionados entre si. Essa diversidade reduz o risco. Ao comprar uma empresa ou um único imóvel para alugar, por exemplo, o investidor está fazendo exatamente o oposto e concentrando suas aplicações em um só lugar. Se der errado, perde tudo.

DIVERSIFICAÇÃO Onde investir? O ideal é uma carteira de investimentos diversificada. E diversificar é muito mais fácil para quem tem mais dinheiro. Quem tem R$ 1,5 milhão em recursos financeiro é considerado um investidor qualificado, o que lhe garante acesso a produtos financeiros de melhor qualidade, que não podem ser vendidos a investidores com menos dinheiro devido aos regulamentos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). É o caso, por exemplo, dos Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA). Esses títulos de longo prazo em geral pagam juros mais a correção por um índice de inflação, e o melhor é que sua rentabilidade é isenta de Imposto de Renda. Outros investimentos disponíveis são Fundos de Investimento no Exterior, que permitem aplicar em ativos internacionais, e Fundos de Investimento em Participação (FIP). Esses fundos possibilitam comprar participações em empresas promissoras e com alto potencial de rendimento, com a vantagem de que haverá um gestor profissional cuidando dos negócios — que será pago para fazer gestão, por mais que isso dê dor de cabeça.

E como dividir o dinheiro? “Uma boa recomendação é que o investidor tenha de 50% a 60% em renda fixa de boa qualidade, 20% em fundos multimercados e os 20% restantes em ativos de mais risco, divididos entre o Brasil e o exterior”, disse Lux. “Isso garante a preservação e a multiplicação do capital no longo prazo.”