Os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reafirmaram nesta terça-feira, 17, na ata do último encontro do colegiado, que “a conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural”. Esta avaliação já constou no comunicado da semana passada do Copom, quando a Selic (a taxa básica de juros) foi reduzida de 5,00% para 4,50% ao ano.

A taxa estrutural é aquela que, em tese, permite o crescimento econômico sem gerar inflação. Na ata agora divulgada, o Copom também avaliou que a decisão da semana passada “reflete seu cenário básico e balanço de riscos para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui o ano-calendário de 2020 e, em grau menor, o de 2021”.

Ociosidade

Os integrantes do Copom também reafirmaram na ata que seu cenário inclui fatores de risco “em ambas as direções” – ou seja, na direção de baixa e na de alta de inflação. A avaliação é a mesma feita no comunicado da semana passada.

Assim como registrado no comunicado, a ata desta terça traz mudanças significativas no balanço de risco do BC. De um lado, na avaliação do banco, o nível elevado de ociosidade da economia pode continuar produzindo uma inflação menor que a esperada.

Do outro lado, o Copom voltou a citar que o atual grau de estímulo – com quatro cortes seguidos que totalizaram 2 pontos porcentuais de redução na Selic – atua com defasagens sobre a economia. Isso aumenta a incerteza sobre os canais de transmissão da política monetária e pode elevar a inflação. A novidade foi que o BC pontuou no comunicado e também na ata que essa incerteza ocorre em um contexto de transformações na intermediação financeira.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem destacado em suas recentes apresentações que essas transformações ocorrem em todo o mundo, com o crescimento da oferta digital de produtos financeiros e com a entrada das chamadas fintechs no mercado de crédito.

Esse risco de uma inflação mais elevada, continuou o Copom, se intensifica nos casos de deterioração do cenário externo para economias emergentes ou eventual frustração em relação à continuidade das reformas na economia.

Mais uma vez, o Copom reconheceu que o processo de reformas econômicas tem avançado, mas repetiu que perseverar nesse processo é essencial para permitir a consolidação da queda da taxa de juros estrutural e para a recuperação sustentável da economia. “O Comitê ressalta ainda que a percepção de continuidade da agenda de reformas afeta as expectativas e projeções macroeconômicas correntes”, reiterou a ata.