Laurentino Cortizo, o favorito para ganhar a presidência panamenha no domingo, diz que quer ser “o primeiro trabalhador do país a resgatar” o Panamá, 13 anos depois de deixar o governo por causa de desentendimentos acerca do Tratado de Livre Comércio com os Estados Unidos.

Aos 66 anos, empresário e criador de gado conhecido como “Nito”, busca uma vitória eleitoral que permita “fechar a brecha da desigualdade para que ninguém fique para trás”.

Seus seguidores destacam sua humildade e sensibilidade social e seus detratores o criticam por se cercar por deputados envolvidos em escândalos de corrupção.

Seu plano de governo inclui melhorar a educação, reformar o Estado, impulsionar a economia, combater a pobreza e desigualdade e melhorar a transparência governamental.

Também prometeu criar um ministério da Cultura e outro da Mulher e castigar as empresas acusadas de corrupção.

Se eleito, Cortizo conseguirá que o Partido Revolucionário Democrático (PRD, social-democrata), fundado pelo líder nacionalista Omar Torrijos, volte ao poder depois de uma década de domínio da oposição.

“Cortizo sem ser membro da cúpula do PRD e não ter cargo de direção enfrentou a estrutura e, sem dividir o PRD, obteve a candidatura presidencial”, comentou o diretor do jornal Metro Libre, James Aparicio.

Com origem espanhola e grega, estudou Comércio Internacional nos Estados Unidos, onde trabalhou na Organização de Estados Americanos (OEA) e onde conheceu a esposa Yazmín Colón, com quem tem dois filhos.

Foi ministro do Desenvolvimento Agropecuário em 2004, no governo de Martín Torrijos.

– Roux, o “aquaman” panamenho –

O adversário Rómulo Roux, um dos favoritos para conquistar a presidência do Panamá no domingo, quer fazer “mudanças radicais” em seu país, sob os olhos do ex-presidente Ricardo Martinelli, de quem foi ministro das Relações Exteriores.

Aos 54 anos, advogado obcecado por esportes, pretende fazer com que seu partido Cambio Democrático (direita), fundado por Martinelli há 20 anos, volte ao poder para repetir a era da expansão econômica.

Roux, ex-chanceler e ex-ministro do Canal do Panamá durante o governo de Martinelli (2009-2014), teria supostamente espionado oponentes durante sua administração e é investigado por vários escândalos de corrupção.

Antes da campanha, Roux teve diferenças com Martinelli e seus seguidores, que o acusaram de ser um traidor. No entanto, ele os derrotou e não só tomou as rédeas do partido, como também ganhou as eleições primárias para se tornar candidato.

“Roux acabou com o mito de Martinelli invencível e tirou dele o partido”, comentou James Aparicio.

O candidato concentrou sua campanha na reativação econômica, na criação de emprego, na redução de impostos e no destaque das conquistas que, na opinião dele, marcaram a gestão de Martinelli.

Filho de um empresário panamenho e mãe americana, Roux tinha interesse em ser fotógrafo, mas acabou estudando nos Estados Unidos. Em Miami recebeu seu doutorado em Direito e em Washington trabalhou como garçom.

Quando criança, praticava futebol, basquetebol e ciclismo. Agora todos os dias faz uma hora de pesos ou exercícios cardiovasculares.

Casado em segundas núpcias com a empresária Victoria Heurtematte, Roux tem sete filhos, seis mulheres e um homem.

Durante a ditadura do general Manuel Antonio Noriega (1983-1989), teve uma perna quebrada durante os protestos contra o governo, segundo conta.

Durante a presidência de Martinelli, teve que enfrentar uma crise no abastecimento de água na capital panamenha, o que lhe valeu o apelido de “Aquaman”.

– Lombana, o anticorrupção –

O independente Ricardo Lombana, que capitalizou a insatisfação com a corrupção da classe política, aparece em terceiro lugar nas pesquisas. Ele faz um discurso feroz contra a corrupção e a liderança partidária.

Advogado e jornalista de 45 anos, Lombana propõe convocar um referendo para uma nova Constituição que subtrai o poder do presidente, limita o uso de fundos públicos e reforma da justiça.

Também quer aumentar as penalidades por corrupção e evitar a prescrição deste tipo de crime.

“Ricardo Lombana alcançou crescimento para um candidato independente que não tinha conseguido antes, a ponto de ter se colocado como uma opção viável para um grande número de eleitores. Conseguiu capturar o voto de protesto, aquele que quer que o status quo mude”, disse Rita Vásquez, diretora do jornal La Prensa.

“O contexto de escândalos de corrupção no país é favorável para os candidatos de livre postulação em todos os níveis”, disse à AFP o diretor do Centro Internacional de Estudos Políticos e Sociais, Harry Brown.