Filho de mãe de americana nascido em São Paulo, Tony Marx, 48 anos, começou a frequentar as estações de esqui do Colorado (EUA) ainda na infância, em 1982. Desde então, os esportes de montanha se tornaram sua paixão. Há três anos, o que era hobby virou um negócio. Ou melhor, dois: uma agência de viagens especializada em esqui e uma corretora de imóveis. Ambas com foco em brasileiros, sejam turistas, investidores ou ambos. A mudança se deu quando ele e a esposa, Karina, 46, decidiram trocar Miami por Snowmass, cidade vizinha a Aspen. Médica veterinária, Karina, já trabalhava com imóveis na Flórida. “Ela me disse que eu precisava trabalhar com o que gosto. E o que eu gosto é de esquiar”, disse Marx. Escolhida a nova residência, ele começou a divulgar seu lifestyle por meio de redes sociais. “É uma forma de criar nas pessoas o desejo de vir para cá”, afirmou.

Como agente de viagens especializado na região, ele oferece tudo de que o esquiador precisa, da locação de uma casa à contratação de um chef de cozinha, passando por transporte. Karina, por sua vez, levou para montanha sua experiência como corretora de imóveis. Hoje, trabalhando em parceria com a imobiliária alemã Engel & Völkers, ela é a única brasileira com licença para atuar na venda de imóveis na região de Aspen e Snowmass. Só no ano passado, o casal intermediou US$ 40 milhões em transações — e 90% das vendas foram fechadas com clientes brasileiros. “O que era um destino de lazer se tornou uma opção de investimento”, disse Marx, que tem clientes como Anitta e Luciana Gimenez. “Quando o cliente chega até mim ele explica se quer viajar ou investir.”

LIFESTYLE Vista das montanhas de Snowmass, onde o casal reside com os dois filhos. Uso das redes sociais para incentivar a atuação como operador no turismo também impulsiona a venda de imóveis. (Crédito:Divulgação)

O sucesso do casal no ramo imobiliário ocorre em um momento de alta procura por propriedades nas Montanhas Rochosas dos EUA. “Há 30 anos os preços dos imóveis por aqui sobem de forma absurda, mas desde a pandemia o avanço foi gigantesco, com elevação de 70% a até 100%”, afirmou Marx. Uma das razões para isso é a falta de terrenos disponíveis para construção. “Em Aspen e Snowmass não se pode construir mais nada. Existem apenas três terrenos que pertencem à Aspen Skiing Company”, disse, referindo-se è empresa que opera os resorts e estações de esqui da região. Por isso, os raros empreendimentos que são lançados chegam a ter lista de espera.

É o caso do Aura, condomínio de apenas 21 apartamentos de luxo, de quatro a cinco suítes, cujos preços ainda não foram divulgados, mas para o qual há 12 brasileiros na fila. A estimativa é que cada unidade parta de US$ 8 milhões. Em outro empreendimento, o Electric Pass Lodge, a dupla vendeu 15% das 53 unidades. “Aqui é diferente de qualquer outro mercado. Os valores são muito altos, mas quem compra pode financiar a taxas de 3% a 4,5% ao ano e tem a opção de obter renda com aluguéis de curto prazo”, afimou Marx. Para isso, há dois caminhos: colocar no pool de locação do empreendimento (que cobra entre 40% e 50% de comissão) ou deixar com uma corretora. A dupla fixou sua taxa em 20%, o que aumenta a rentabilidade do investidor.

QUASE FAMÍLIA Para Karina, os bons resultados se devem a um propósito, que é ajudar outras pessoas a realizarem os seus sonhos. “Meus clientes se tornam bons amigos, quase família”, afirmou. “Sabemos identificar oportunidades de investimento pelo preço certo, seja qual for a sua estratégia: desfrutar da propriedade ou lucrar com a valorização no longo prazo”, disse Karina. Recentemente, ela ganhou um prêmio da incorporadora do Electric Pass Lodge pelas ótimas vendas realizadas. “Também fomos procurados por incorporadores brasileiros que querem entrar no mercado americano.”

Entre os atrativos para quem busca um imóvel na região estão, além da prática de esportes de montanha, a segurança e a qualidade de vida. Nos vídeos que posta nas redes sociais, Marx mostra cenas da escola dos filhos, que é gratuita e oferece dois aviões para que os alunos aprendam a pilotar a partir dos 14 anos. “Quando encontro com clientes brasileiros eu conto a minha história de vida por aqui, meu dia a dia. Snowmass tem seis policiais, eu conheço cada um pelo nome e eles a mim. Para quem mora em grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro, a perspectiva de viver assim é muito atraente.” Quase inacreditável, pode-se dizer.