Os desafios fazem parte da rotina da brasileira Claudia Massei. Considerada pela revista Forbes uma das mais poderosas executivas do Oriente Médio em 2020 e 2021, a ex-CEO da Siemens em Omã tem diversificado as áreas de atuação. Além do estímulo por ter assumido recentemente a diretoria de transformação na gigante de engenharia e tecnologia, na Alemanha, a paulistana mantém o foco no desenvolvimento de novas empresas, algo comum em sua rotina desde o início da década de 2010. O alvo mais recente da investidora-anjo foi a Dupla, hrtech nacional criada no ano passado pelas jovens Miriam Koga, 21 anos, e Barbara Machado, 23, que tem como missão aumentar a participação feminina nas companhias de tecnologia. “O objetivo principal é contribuir positivamente para trazer uma mudança para o Brasil tanto do lado econômico como do social”, disse Claudia à DINHEIRO.

A executiva iniciou sua jornada como investidora ainda em 2011, com a Qmágico, plataforma pedagógica. “Uma semana depois resolvi me juntar ao projeto. Assumi o cargo de diretora financeira e de operações.” Posteriormente, o QMágico (Quadrado Mágico) se transformou na Eduqo”, afirmou. Em julho do ano passado, a marca foi adquirida pela Arco Educação, por R$ 30 milhões. A experiência de ter vivido em dez países levou a executiva a acreditar que a economia e a sociedade de uma determinada região melhoram com a atuação de um maior número de empreendedores. “Por isso, a minha ideia é ajudar a desenvolver um ecossistema de empresas pequenas com bons profissionais que tenham capacidade de crescer, de gerar emprego e de trazer inovações para o mercado, além de serviços e produtos melhores.”

PELO MUNDO Claudia é investidora-anjo em projetos no Brasil e nos Estados Unidos, além de já ter financiado startups no Chile e no México. Os valores envolvidos e os nomes da maioria das empresas beneficiadas são mantidos em sigilo. Simultaneamente a todos os projetos que desenvolve na Siemens e nas startups apoiadas, a executiva tem histórico ligado às causas sociais e ao meio ambiente. Já fez parte dos conselhos de fundações como Steering for Greatness Foundation, ONG nigeriana que incentiva a capacitação de estudantes, além de ter sido integrante de comunidades como Global Future Council on Energy Technologies, que visa moldar um futuro mais resiliente, inclusivo e sustentável, e do Young Global Leaders (1,4 mil jovens líderes que visam promover iniciativas pelo mundo). “Em 2020 entrei para o conselho da Battery Associates, um laboratório de ideias ligado a tecnologias para baterias, e da Fundação Casemiro Montenegro Filho, que coordena os projetos dos institutos de pesquisas espaciais de São José dos Campos.” As organizações são ligadas ao Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), onde Claudia se formou em engenharia aeronáutica.

DE OLHO NO CAIXA Miriam Koga revela objetivo de, até dezembro, a Dupla alcançar R$ 100 mil de receita mensal. (Crédito:Daniel Guedes F Dionizio)

A participação da ex-CEO da Siemens na Dupla anima as fundadoras. Para Barbara, existe um fit natural entre a Claudia e a missão da startup. “Mulher empreendedora, executiva e vinda de um background técnico, sendo muito ligada em educação, é uma grande inspiração para nós”, disse. A chegada de Claudia coincide com o lançamento da nova plataforma da Dupla. Atualmente, ela já permite se candidatar ativamente às vagas e que empresas parceiras façam busca no banco de dados sem que a profissional necessariamente tenha buscado a oportunidade. A divulgação das vagas é feita no site duplatech.com e a base atual já tem mais de 13 mil mulheres na área de tecnologia. A startup também trabalha com parcerias importantes. Uma delas é com a plataforma Bounties4, que permite às inscritas na Dupla realizarem tarefas de programação com remuneração.

Os planos para 2022 são igualmente desafiadores. As sócias pretendem ampliar a atuação e o alcance social. Além de manter o foco na presença feminina nas empresas, a Dupla pretende expandir o trabalho para minorias e outros setores e se tornar referência na inserção de diversidade dentro de empresas que comprovem ter um ambiente adequado para a recepção. Miriam, da Dupla, espera ampliar o escopo para negros, comunidade LGBTQIA+ e PCD. “Não excluímos o sonho de tornar a Dupla um negócio global”, afirmou. A intenção da Dupla é ter 100 empresas parceiras até o fim do ano, que pagam uma mensalidade para ter acesso ao seu banco de profissionais. “Esse modelo de mensalidade nos permite ter receita recorrente”, disse Miriam, ao destacar que, até dezembro, o objetivo é alcançar faturamento mensal de R$ 100 mil.

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