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Tecnologia

Conheça as quatro armas da HBO Max na guerra do streaming. Uma delas é o futebol

Em oito meses, remodelação de streaming da marca no país aumenta em 40% o número de assinantes — tendo na programação de futebol um dos alicerces.

"Nossa estratégia de negócios na América Latina é agressiva e de inclusão. Não adianta cobrar o mesmo preço que nos EUA” Luis Durán HBO Max Latam. (Crédito: Divulgação)

Ricardo Ivanovi Ricardo Ivanov https://istoedinheiro.com.br/autor/ricardo-ivanov/

08/04/2022 - 0:20

Depois de oito meses de Brasil, a HBO Max está comemorando seus números, com um aumento de 40% em relação a sua plataforma antiga de streaming no País, a HBO GO, que praticamente não tinha marketing, escondida na sombra dos prestigiados canais de mesmo nome na TV paga. “Estamos muito felizes com o resultado no Brasil, que foi acima de nossas expectativas”, disse Luis Durán, general manager HBO Max Latam, à DINHEIRO. Como toda moderna empresa de mídia, a companhia faz parte de uma gigante, a WarnerMedia, que por sua vez é de propriedade da gigante de telecomunicações AT&T. A WarnerMedia (que além da HBO tem os estúdios Warner e a CNN) deve ser desmembrada e será incorporada à antiga rival Discovery (que reúne as marcas Animal Planet, Discovery Kids, Discovery Channel, Food Network, entre outras). A transação depende do aval de órgãos reguladores.

No Brasil, a ascensão fez a empresa ficar próxima do market share da Disney+, que estreou no País em novembro de 2020 — ou seja, com oito meses de antecedência em relação à HBO Max. Na frente das duas estão a Amazon Prime, que vem caindo levemente no gráfico, e a líder isolada, Netflix. No cenário global, atualmente, a HBO Max está com 74 milhões de assinantes e gradualmente expandindo para outras fronteiras além dos Estados Unidos. “Começamos com a América Latina, depois uma primeira e segunda fases na Europa”, afirmou o executivo, acrescentando que o restante do mundo hoje representa apenas 30% do negócio, claramente com muitos rounds pela frente. O Brasil representa 40% do mercado dentro da América Latina.

Por aqui, uma tacada de mestre da HBO Max foi comprar os direitos de exibição da Champions League e do Campeonato Paulista, que trouxeram os ávidos espectadores de futebol para o canal. Pode gerar uma audiência inercial: acabou o jogo, ele vai olhar o que tem de filmes e séries, encontrar uma premiada Game of Thrones, que terá um prelúdio em 2022, House of Dragon, ou o filme Matrix Resurrections, lançado simultaneamente nos cinemas e streaming — algo que a HBO não vai fazer mais, para alívio dos cinemas, dando uma janela de 45 dias até chegar à TV.

“Cada grande partida de futebol nos traz novos assinantes. São conteúdos de grande impacto. O futebol, o nosso acervo, os blockbusters e as estreias de novas séries formam os quatro blocos que trazem uma aquisição diversificada, sem grande dependência de um deles”, afirmou Durán, que acredita que o streaming não deva ser um inimigo da TV paga ou aberta. “A TV linear é complementar.” Por acervo, entenda-se mais de 3 mil produções no canal no Brasil — se contar cada episódio de seriado, pularia para 30 mil.

O investimento para 2022 é alto, principalmente em marketing, infraestrutura, pessoal de atendimento e tecnologia. O valor propriamente dito a HBO Max não revela. Já o “preço” do conteúdo é sabido e alto. Cada episódio de Game of Thrones custou perto de US$ 10 milhões — para outras séries, a partir de US$ 1 milhão, como a ainda inédita Tokyo Vice, do premiado diretor Michael Mann e com o ator queridinho das meninas Ansel Elgort. Isso significa que duas temporadas da produção medieval com toques de fantasia citada acima é o preço de um The Batman no cinema (US$ 200 milhões), que está em contagem regressiva para ser exibido na HBO Max. O executivo, aliás, coloca suas fichas no lançamento de The Batman: “É o que chamamos de First Watch, em que medimos a primeira coisa que o usuário consome no momento da assinatura. Assim temos uma avaliação de que eles entraram por conta do filme”.

O mercado de streaming mundial tem hoje mais de 200 provedores. Países têm competidores diferentes, como os EUA, com a veterana Hulu, que corta uma boa fatia na divisão do mercado de lá. Ou uma China, que tem um enorme número de assinantes em um canal próprio. Depois de crescimento vertiginoso na pandemia, a aceleração diminuiu com a volta ao trabalho presencial, segundo pesquisas — se você tinha três canais assinados, pensou melhor e ficou só com um, é a lógica. “Nossa estratégia de negócios na América Latina é agressiva e de inclusão. Conteúdo de qualidade, mas com preço razoável, justo. Não adianta cobrar o mesmo valor que cobramos nos EUA”, disse Durán sobre como vai ser o forte ataque no Brasil em 2022.