O Congresso dos Estados Unidos aprovou nesta quinta-feira (1º) uma lei para evitar uma greve no transporte ferroviário de cargas que poderia ser catastrófica para a maior economia do mundo.

O texto, adotado pelo Senado após sua aprovação na quarta-feira na Câmara dos Representantes, impõe a adoção de um acordo, embora não tenha recebido o apoio de todos os sindicatos do setor.

Diante da perspectiva de uma possível greve a partir de 9 de dezembro, o presidente Joe Biden decidiu entregar a questão ao Congresso, apoiado por uma lei de 1926, que impõe um acordo coletivo em caso de impasse nas negociações.

O presidente democrata, que nunca perde a oportunidade de reafirmar seu apoio aos sindicatos, considerou a situação perigosa demais. Uma greve no setor ferroviário reduziria a atividade econômica do país em US$ 2 bilhões por dia, segundo estimativa da Associação Ferroviária dos Estados Unidos (ARA, na sigla em inglês).

Em 2020, cerca de 28% das mercadorias nos Estados Unidos foram transportadas por ferrovias, segundo a empresa Union Pacific.

Uma vez que 97% da rede utilizada pela companhia ferroviária nacional Amtrak é gerida por operadores de transporte de mercadorias, uma greve também teria repercussões consideráveis no tráfego de passageiros.

Ao forçar a adoção do acordo coletivo e evitar o diálogo social, Biden se expôs às críticas dos sindicatos e da ala de esquerda do Partido Democrata.

“Não há exemplo mais claro de ganância corporativa do que o que vemos hoje na indústria ferroviária”, disse o senador progressista Bernie Sanders.

Biden se defendeu das críticas em uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira, garantindo ter conseguido “negociar um contrato que ninguém mais poderia ter negociado”.

O texto prevê um aumento salarial de 24% no quinquênio 2020-2024.

A ameaça de greve se originou em um complexo processo de negociação, do qual participaram 12 sindicatos e seus patrões, e no qual Biden investiu todo seu peso político.

Dentre as questões que evidenciaram o descontentamento de inúmeros trabalhadores do setor, destaca-se a licença médica, já que algumas empresas não a disponibilizam.

Na tentativa de resolver o impasse, os democratas apresentaram um projeto de lei complementar que prevê sete dias de licença médica garantida por ano, mas o texto não obteve os 60 votos necessários no Senado para se aprovado.

“Fui muito claro: continuarei lutando pela cobertura de licença médica, não apenas para os trabalhadores ferroviários, mas para todos os trabalhadores americanos”, prometeu Joe Biden nesta quinta-feira.