Desde 3 de maio, confrontos violentos, os piores em anos, entre manifestantes palestinos e a polícia israelense feriram centenas de pessoas em Jerusalém Oriental, a parte palestina da cidade ocupada e anexada por Israel.

A violência foi agravada na madrugada de segunda para terça-feira (11) pela morte de pelo menos 22 palestinos, nove deles crianças, em bombardeios israelenses em Gaza, que respondiam ao lançamento de foguetes por movimentos armados palestinos do enclave.

A questão do status de Jerusalém é um dos principais pontos de discórdia entre Israel e os palestinos.

Israel considera a cidade inteira como sua capital “indivisível”, enquanto os palestinos querem fazer de Jerusalém Oriental a capital de seu futuro estado.

– Expulsão de palestinos –

Em 3 de maio, eclodiram tumultos no bairro Shaykh Jarrah, próximo à Cidade Velha e localizado em Jerusalém Oriental, durante uma manifestação em apoio às famílias palestinas ameaçadas de expulsão de suas casas, beneficiando colonos judeus.

Dez pessoas ficaram feridas, de acordo com o Crescente Vermelho Palestino.

O tribunal distrital de Jerusalém decidiu no início deste ano a favor das famílias judias que reivindicam direitos de propriedade neste bairro.

Desde então, houve manifestações e confrontos com as forças israelenses.

– Apelos internacionais –

Em 5 de maio, 22 palestinos foram feridos em confrontos e 11 manifestantes foram presos.

No dia 6, França, Alemanha, Reino Unido, Itália e Espanha pediram a Israel que “ponha fim à sua política de expansão das colônias nos territórios palestinos ocupados”, descrita como “ilegal”, e que pare as expulsões em Jerusalém Oriental.

O líder da extrema direita israelense Itamar Ben Gvir foi ao bairro de Sheikh Jarrah para apoiar os colonos judeus. Quinze palestinos foram presos após confrontos com a polícia.

No dia 7, as Nações Unidas conclamam Israel a acabar com qualquer expulsão forçada de palestinos.

– Distúrbios na Esplanada das Mesquitas –

Na sexta-feira, dezenas de milhares de fiéis se reuniram na Esplanada das Mesquitas – chamada de Monte do Templo pelos judeus – para a última grande oração na sexta-feira antes do fim do mês de jejum muçulmano do Ramadã.

Segundo a polícia israelense, os palestinos atiram projéteis contra as forças de segurança, que respondem com granadas ensurdecedoras e balas de borracha.

De acordo com o Crescente Vermelho Palestino, pelo menos 205 palestinos estão feridos. A polícia relatou 18 feridos em suas fileiras.

Washington pediu uma “redução da escalada” e “prevenção” das expulsões de palestinos.

No dia 8, novos confrontos deixaram cem feridos, entre eles menores, em outros setores de Jerusalém Oriental, segundo os serviços de socorro palestinos.

A polícia israelense também relatou feridos em suas fileiras.

Os quatro membros do Quarteto do Oriente Médio (ONU, União Europeia, Estados Unidos e Rússia) pedem a Israel que aja com moderação.

– Audiência de expulsão adiada –

No dia 9, o Papa Francisco pediu que os confrontos terminem. “A violência só gera violência”, disse ele.

A justiça israelense anunciou o adiamento de uma audiência, marcada para o dia seguinte, sobre o futuro das famílias palestinas ameaçadas de expulsão.

À noite, o exército israelense anunciou novos disparos de foguetes da Faixa de Gaza contra o sul de Israel.

– Mais violência –

No dia 10, novos confrontos na Esplanada das Mesquitas deixaram pelo menos 331 palestinos feridos, segundo o Crescente Vermelho Palestino.

Pelo menos 22 pessoas, incluindo nove crianças e um comandante do Hamas, de acordo com o movimento islâmico armado, foram mortas em ataques israelenses na Faixa de Gaza, em resposta aos foguetes disparados do enclave.

O Hamas cruzou “uma linha vermelha”, disse o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. Washington e Londres condenaram o lançamento de foguetes do Hamas e pediram uma “desaceleração”.

A UE apela ao “fim imediato” da violência. O Conselho de Segurança da ONU realizou uma reunião de emergência, sem chegar a uma declaração conjunta.

À tarde, novos confrontos eclodiram na Esplanada das Mesquitas. Cerca de 520 palestinos e 32 policiais israelenses ficaram feridos.

Segundo Israel, cerca de 150 foguetes foram disparados de Gaza, dos quais “dezenas” foram interceptados por seu escudo antimísseis.

No dia 11, Israel afirmou ter matado 15 membros de grupos armados palestinos na Faixa de Gaza durante a noite, onde realizou 130 ataques.