18/01/2020 - 16:30
Mais de 220 pessoas ficaram feridas neste sábado em Beirute em confrontos entre manifestantes e a polícia, os mais violentos desde que, há três meses, teve início um movimento de protesto contra os políticos, acusados de corrupção e inércia.
As manifestações se exacerbaram nas últimas semanas pela piora da situação socioeconômica e pela incapacidade das autoridades de formar um governo, mais de dois meses depois da demissão do premier Rafic Hariri.
A violência começou em frente a uma das principais portas do parlamento, no centro de Beirute, quando os manifestantes, alguns encapuzados, investiram contra policiais do batalhão de choque, lançando projéteis, pedras, galhos de árvores e outros objetos. Alguns tentaram furar os bloqueios.
A polícia usou jatos d’água e gás lacrimogêneo para conter o tumulto. Concentrados nas ruas vizinhas ao parlamento, manifestantes lançaram pedras e fogos de artifício contra a polícia.
Os confrontos continuaram durante horas, até que a polícia conseguiu dispersar os manifestantes, à noite. “Mais de 80 pessoas foram levadas para o hospital, enquanto mais de 140 foram atendidas na rua”, indicou à AFP um porta-voz da Cruz Vermelha, segundo quem havia feridos tanto entre os manifestantes quanto entre as forças de ordem.
O presidente do Líbano, Michel Aoun, pediu a garantia “da segurança dos manifestantes pacíficos, a proibição de atos de vandalismo e a preservação dos bens públicos e privados”.
– Ataques a bancos –
Inicialmente, estava prevista uma manifestação até o parlamento, mas a violência eclodiu antes mesmo do seu início.
As Forças de Segurança Interior (FSI) lamentaram no Twitter a violência e pediram aos manifestantes pacíficos que deixassem o local com urgência, “para a sua própria segurança”.
O movimento de protesto pede, desde o início, um governo de tecnocratas e personalidades independentes dos partidos tradicionais. Mas desde a nomeação do novo premier, em dezembro, as negociações sobre a divisão dos ministérios estão paralisadas.
As manifestações das últimas semanas também respondem às restrições que os bancos estão impondo aos saques. O Líbano tem uma dívida de quase 90 bilhões de dólares, ou mais de 150% de seu PIB, e o Banco Mundial advertiu, em novembro, que o índice de pobreza poderia atingir 50% da população, contra o atual um terço.