A participação do gado confinado na produção de carne bovina continua a crescer no Brasil. No ano passado, foram abatidos mais de 6,5 milhões de animais criados nesse sistema, 2% a mais do que em 2020, de acordo com o Censo de Confinamento DSM, levantamento feito pela DSM em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq-USP. Na comparação com 2015, quando foi feita a primeira edição dessa pesquisa, a evolução é de 37% – naquele ano foram 4,7 milhões de cabeças confinadas. Esses sete anos de trabalho já envolveram dez Estados brasileiros, mais de 7 mil pecuaristas e um rebanho maior que 200 mil bovinos.

Outro dado relevante desse trabalho é o retorno sobre o investimento, que chegou a 2,5% ao mês durante o período de três meses de confinamento. Essa rentabilidade ganha ainda mais importância porque, apesar das cotações recordes para o boi gordo, 2021 foi desafiador para os pecuaristas. Em relação ao ano anterior, o preço do boi magro cresceu mais de 2,0% e o milho, principal insumo na alimentação do gado confinado, teve alta de quase 24,6%. E não há como analisar a pecuária de corte no ano passado sem considerar o embargo às exportações para a China no último trimestre. Afinal de contas, o país asiático responde por pelo menos metade das exportações brasileiras de carne bovina.

Preços em alta aumentaram peso da agropecuária na economia em 2021, diz IBGE

Para o gerente técnico nacional de Confinamento da DSM, Hugo Cunha, este é um sistema estratégico para melhorar a produtividade do rebanho e abrir mais espaço para a aplicação de novas tecnologias. E, certamente, para atender as exigências da indústria frigorífica por volume, frequência e padronização no fornecimento de animais. Esse conceito é complementado pelo CEO da Frigol S.A., Eduardo Miron. Segundo ele há uma tendência importante para o crescimento desse manejo mais intensivo, porque é possível ter mais velocidade no ciclo de produção e um controle de qualidade mais intenso. “É o mercado quem vai ditar, mas pensando em eficiência, pode ser melhor”, afirmou. E há a demanda por animais abatidos mais jovens, como é o caso da preferência dos chineses. No ano passado, a Frigol abateu quase 418 mil animais e processou mais de 181 mil toneladas de carne bovina.

Os sinais de que a produção intensiva de gado de corte deve continuar crescendo vêm também pela aposta das empresas pecuárias em infraestrutura. O Grupo Agrojem, de Miranorte (TO), por exemplo, está construindo o maior curral da América Latina, um projeto para 50 mil animais, assinado pela Oxen Currais, que deve ficar pronto no final de abril.