O Índice de Confiança da Construção (ICST) derreteu 25,8 pontos em abril e atingiu o menor nível desde o início da sua série histórica, a 65 pontos, informou nesta terça-feira a Fundação Getulio Vargas (FGV). Também foi a maior queda mensal do indicador.

“Em abril, houve uma piora abrupta e sem precedentes no ambiente de negócios da construção: os empresários apontaram redução em suas carteiras de contrato, mais dificuldade no acesso ao crédito e queda da atividade. As perspectivas de queda na demanda nos próximos meses derrubaram o otimismo empresarial dos primeiros meses do ano”, afirma, em nota, a coordenadora de Projetos de Construção do Ibre/FGV, Ana Maria Castelo.

A retração da confiança do setor foi puxada principalmente pelo comportamento do Índice de Expectativas (IE), que caiu 35,6 pontos, para 59,9, também uma nova mínima histórica. Os dois indicadores componentes do IE tiveram forte retração e atingiram os menores valores das suas séries: a demanda prevista recuou 37,6 pontos, para 58,5, e o indicador de tendência dos negócios caiu 33,2 pontos, para 61,6.

Também houve queda no Índice de Situação Atual (ISA), que cedeu 15,4 pontos, a 70,9, menor nível desde junho de 2008 (70,8). Entre os componentes, o indicador de situação atual caiu 21,5 pontos, para 66,2, menor valor desde junho de 2017 (65,8), enquanto o indicador de carteira de contratos recuou 9,3 pontos, para 75,8, menor valor desde setembro de 2019 (75,1 pontos).

“Vale notar que nem no pior momento da crise de 2014-2018 que reduziu em 30% o PIB setorial, os empresários se mostraram tão pessimistas. Essa percepção negativa dos empresários não poupou nenhum segmento da construção”, completa Ana Maria Castelo.

O Nível de Utilização da Capacidade (NUCI) da construção recuou 12,0 pontos porcentuais, para 57,6%, também o menor valor da série histórica. O recuo foi puxado tanto pelo NUCI de Mão de Obra (-12,1 pontos porcentuais), quanto pelo NUCI de Máquinas e Equipamentos (-10,8 pontos porcentuais).

O aumento do pessimismo também fez tombar a intenção dos empresários de construção de contratar no futuro. O Indicador de Emprego Previsto (EP) recuou 33 pontos ma comparação com março. “Em grande parte dos Estados, a construção foi considerada atividade essencial e por isso não sofreu paralisação. Assim, a forte queda do indicador de EP parece mais relacionada ao adiamento de projetos”, diz a economista.