Acostumados a viajar sem moderação – até por ócio do ofício –, os irmãos Germán e José Efromovich, ex-acionistas controladores da falida Avianca Brasil, devem passar um bom tempo sem poder sair de casa, sob vigilância policial e tornozeleira eletrônica. Os empresários foram presos na quarta-feira (19), suspeitos de participação no pagamento de R$ 40 milhões de propina a Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, estatal responsável pelo transporte e logística do combustível no País e pela importação e exportação de petróleo e derivados. As prisões fazem parte da 72ª fase da Lava Jato, batizada de Operação Navegar é Preciso. Os Efromovich teriam causado um prejuízo de R$ 611 milhões à Transpetro, susidiária da Petrobras. Além da companhia aérea, que não é alvo direto dessa fase das investigações, eles são donos do estaleiro Estaleiro Ilha (EISA), origem da suposta fraude.

Segundo a investigação, que teve início com base na delação de Sérgio Machado, então presidente da Transpetro, ocorreram dois processos fraudulentos. O primeiro por meio do pagamento de R$ 28 milhões em contratos para a construção de quatro navios petroleiros do tipo panamax, utilizados para o transporte de óleo cru e produtos escuros. O segundo pagamento, no valor de R$ 12 milhões, está relacionado a contratos para a construção de oito navios petroleiros de transporte de produtos e derivados. As propinas estavam disfarçadas de multa contratual e foram pagas por meio de 65 transferências bancárias, realizadas entre 2009 e 2013, período de execução do contrato firmado com a Transpetro, para contas na Suíça em nome de Expedito Machado, filho do ex-presidente da estatal.

A investigação é realizada em conjunto, entre a Polícia Federal e a Lava Jato, com foco no grupo Synergy, holding dos Efromovich, com sede na Colômbia e ex-controladora da Avianca Brasil, que teve a falência decretada com dívidas de R$ 2,7 bilhões.

Marcelo Gonçalves

“Minhas contas são transparentes. podem olhar tudo” Germán efromovich, sócio do grupo Synergy.

Em entrevista ao jornal O Globo, Germán admitiu o pagamento dos R$ 28 milhões na conta da família Machado, alegando uma multa contratual, agora identificada pela investigação como fraudulenta. Após a prisão, Germán concedeu uma entrevista coletiva, na qual negou o esquema de fraudes. “Minhas contas são transparentes. Podem olhar tudo”, afirmou.