Mesmo em um ano de crescimento fraco no setor de materiais eletrônicos, a líder mundial em cabos e sistemas para telecomunicações e energia, Prysmian, conseguiu contornar os efeitos do declínio da economia para conseguir crescer. A empresa italiana que nasceu dentro da marca Pirelli, em 1879, faturou R$ 1,9 bilhão no Brasil no ano passado, um crescimento de 22% em relação aos resultados de 2017. Não é a toa que a Prysmian despontou como a melhor empresa da categoria Eletrônicos, Máquinas, Componentes Elétricos e de Telecomunicações na edição AS MELHORES DA DINHEIRO 2019 — título que conquista pela segunda vez consecutiva.

O movimento de alta, porém, vai contra os resultados do setor. Segundo dados divulgados pelo IBGE e agregados pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), a produção total recuou 2,6% nos primeiros seis meses deste ano em relação a 2018. Com o resultado, a expectativa de crescimento, que era de 7% para 2019, foi revista e caiu para 2%. “O desempenho é decepcionante em relação ao que havíamos previsto no início do ano”, diz o presidente da Abinee, Humberto Barbato. De acordo com o executivo, esperava-se um ambiente mais seguro e com maior previsibilidade para reverter o quadro de retração. “A confiança do consumidor e da indústria está longe do que poderia ser”, afirma.

Juan Mogolon / Empresa: Prysmian / Cargo: Presidente para a América Latina / Principal realização da gestão: Aumento no portfólio, parceria com a Enel Green Power para a construção da maior usina solar do mundo, no Piauí (Crédito:Divulgação)

Para manter o equilíbrio na operação e fugir da má fase, a Prysmian não economizou esforços, e nem verba, para ampliar seu negócio. Em fevereiro de 2018, a empresa surpreendeu o mercado ao anunciar um acordo de fusão com a americana General Cable Corporation, outra gigante global da área de cabos elétricos. A aquisição foi fechada por US$ 3 bilhões e ajudou a reforçar a atuação da italiana na América Latina e nos Estados Unidos, onde a General Cable tem mais fôlego. Além disso, a ideia era conseguir diversificar a operação, já que a Europa respondia por 65% dos negócios ­— agora essa participação caiu para cerca de 40%. No âmbito global, a união das forças ampliou o volume de vendas para €11,5 bilhões e elevou a presença da companhia de 40 para 50 países.

“A aquisição ajudou a complementar todo o portfólio, os serviços e tecnologias na região. Agora somos o novo líder de mercado da América Latina”, diz Juan Mogollon, presidente da Prysmian para a América Latina. A ponta final para consolidar as duas operações foi o investimento de R$ 150 milhões para expandir duas de suas sete unidades no País: em Sorocaba, no interior de São Paulo, e em Poços de Caldas, Minas Gerais. Na unidade de Sorocaba, o grupo investiu na ampliação e modernização de linhas de produção destinadas a cabos de energia, cabos ópticos e metálicos para transmissão de dados e cabos especiais para a indústria automotiva. Lá também se tornou o Centro de Excelência para a América Latina, com um laboratório referência em Pesquisa e Desenvolvimento nas áreas de energia e telecomunicações.

Outras iniciativas contribuíram para os bons resultados. Nos últimos doze meses, o grupo também apostou em uma parceria com a Enel Green Power, uma empresa italiana de energia renovável, como fornecedora de cabos e tecnologia para a construção da maior usina solar do mundo, construída no Piauí. A expectativa é que a planta seja capaz de fornecer energia limpa para 500 mil residências no País. “Investimos muito tempo estudando o mercado, as tendências, as necessidades do cliente e, claro, a concorrência. Reagimos rapidamente para intervir e mudar de direção quando o mercado muda”, afirma Mogollon. Para colocar essa estratégia em prática, o executivo aumentou o portfólio com novos produtos e otimizou a rede logística da empresa para conseguir responder mais rápido às necessidades dos consumidores. “Agora oferecemos quase 100% dos produtos demandados pelo mercado, a maioria dos quais são fabricados localmente”, diz.

Na avaliação de Barbato, presidente da Abinee, a expectativa para o setor em 2020 é positiva. A aprovação da reforma da Previdência, segundo ele, foi o primeiro sinal de que pode haver um aumento de competitividade no Brasil, o que significa que as empresas do segmento devem se beneficiar de um ambiente com melhor performance. “Oportunidade existe no mercado interno, mas precisamos vencer a fase atual de inseguranças para conseguir caminhar em um ritmo maior de crescimento”, diz.
No que depender da Prysmian, ainda há espaço para crescer em muitas áreas, principalmente em Telecom. Mogollon é um entusiasta do ramo e vê 2020 com bons olhos. “Sempre haverá espaço para melhorias e vamos continuar procurando oportunidades para agregar valor aos nossos clientes”, afirma o presidente.