A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, afirmou nesta segunda-feira que as condições de financiamento para empresas e famílias na zona do euro não serão restringidas “prematuramente”. Em discurso preparado para um evento virtual da Associação de Pequenos e Médios Negócios da Alemanha, a dirigente frisou a importância de fornecer apoio a pequenos negócios em meio à crise gerada pela pandemia de covid-19.

De acordo com Lagarde, já foram concedidos 730 milhões de euros em empréstimos a pequenas empresas na zona do euro desde o começo da crise, em março de 2020.

“O BCE ajudará a garantir que as empresas e famílias possam ter acesso ao financiamento de que precisam para enfrentar esta tempestade”, declarou a dirigente.

Lagarde destacou que as medidas de apoio aos pequenos negócios ajudarão a garantir mais previsibilidade econômica na zona do euro e, consequentemente, contribuir para o cumprimento da meta de estabilidade de preços do BCE.

Incertezas

A presidente do Banco Central Europeu afirmou que a economia da zona do euro continuará enfrentando “grande incerteza” até que mais pessoas sejam vacinadas contra a covid-19. A dirigente disse que, com o começo da imunização, agora é possível ver “uma luz no fim do túnel”. “Mas ainda não podemos ver exatamente qual é o comprimento desse túnel.”

Um ano após o começo da crise, a atividade no setor de serviços, segundo Lagarde, permaneceu moderada. Isso porque as medidas de distanciamento social e restrições de atividades, necessárias para conter o coronavírus, impedem uma recuperação total. “A pandemia ainda está pesando fortemente sobre nossas economias”, alertou a dirigente.

De acordo com Lagarde, esse impacto no setor de serviços pesa principalmente sobre as pequenas e médias empresas. Esses negócios, destaca a presidente do BCE, constituem uma parte “desproporcional” do setor mais afetado e empregam cerca de 75% dos trabalhadores de serviços.

Transição digital

A presidente do BCE afirmou nesta segunda-feira que a pandemia de covid-19 acelerou mudanças estruturais que transformarão as economias. A dirigente disse que a crise, por exemplo, antecipou a transição digital na Europa em sete anos.

“Isso levará a novos padrões de demanda e novas formas de vida”, ressaltou Lagarde. De acordo com ela, o coronavírus é um “choque econômico duplo”, por afetar tanto a atividade econômica no curto prazo, quanto as tendências de longo prazo.

Segundo Lagarde, estima-se que 20% das horas de trabalho passarão a ser cumpridas fora dos escritórios permanentemente. “Portanto, o nosso desafio não será apenas nos recuperar da crise, mas também nos adaptar às mudanças que ela desencadeou”, disse a presidente do BCE.