O Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) aprovou, na última terça-feira, 23, por uma diferença de apenas um voto (36 a 35), resolução determinando que os catalisadores usados por motocicletas, com velocidade máxima de 130 km/hora, tenham uma durabilidade de apenas 20 mil quilômetros de rodagem a partir de 2023.

Ambientalistas, o governo paulista e a própria Cetesb queriam catalisadores mais eficientes, com prazo mínimo de vida de 35 mil km.

Segundo o presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), Carlos Bocuhy, conselheiro do Conama e que participou da reunião, a entidade entrará com representação no Ministério Público Federal (MPF) contra essa decisão.

Ele relatou que outros integrantes do Conama, como as fabricantes de motos, outros segmentos da indústria e do governo, foram contra essa proposta.

“A decisão manterá a atual situação de poluição atmosférica, prejudicial ao meio ambiente e à saúde da população”, afirma Bocuhy.

De acordo com ele, as motos rodam no Brasil 12 mil km em média por ano. Em dois anos, portanto, os catalisadores perdem a sua função, caso se utilize o modelo defendido pela indústria e fabricantes. O custo da adaptação das motos para catalisadores com duração de 60 mil km (considerado o ideal) seria de apenas entre U$ 30 e U$ 50 para os produtores, segundo o presidente do Proam.

A frota de motocicletas no Brasil hoje é de mais de 26 milhões de unidades, conforme o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).

“O País tem atualmente, segundo estimativas, mais de 20 milhões de motos com catalisadores inoperantes, lançando o total da poluição na atmosfera, já que a duração do equipamento é inferior a dois anos”, diz o ambientalista.