Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) – A safra brasileira de café de 2022 foi estimada nesta quinta-feira em 53,4 milhões de sacas de 60 kg, corte de cerca de 2,3 milhões de sacas ante a previsão de janeiro devido à menor expectativa de produção do arábica, informou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

A redução no arábica foi parcialmente compensada por um aumento na previsão de safra de café canéfora (conilon/robusta), estimada em um recorde no país.

A variedade arábica sofreu os efeitos de seca e geadas no ano passado, que limitaram o potencial de colheita em 2022, tido como um ano de alta produtividade da variedade, que tem um ciclo bianual, que alterna melhores e piores resultados.

“O efeito da bienalidade positiva esperado para esta safra ocorreu timidamente… As condições climáticas, registradas entre junho e setembro de 2021, foram determinantes para esta quebra de expectativa”, disse a Conab, ao comentar a redução na previsão.

“Déficit hídrico severo e geadas pontuais foram os responsáveis pela diminuição do potencial produtivo…”, acrescentou.

Ainda assim, a safra total de café 2022 do Brasil (arábica e canéfora) deve avançar 12% ante 2021, mas terá queda de 15,3% ante recorde de 2020, o último ano de alta do arábica, que responde pela maior parte da colheita brasileira.

A produção de arábica em 2022 foi projetada em 35,7 milhões de sacas, ante 38,78 milhões na previsão anterior, uma alta de 13,6% sobre 2021.

A Conab vê a safra 2022 de café robusta/conilon do país em recorde de 17,7 milhões de sacas, ante 16,9 milhões na previsão anterior e 16,29 milhões sacas em 2021.

“Por ser mais rústico e não sofrer tão fortemente os efeitos da bienalidade como o café arábica, o desenvolvimento do café conilon na safra atual está superior ao da safra passada”, disse a Conab, citando boas precipitações nas regiões produtoras, aliadas a “temperaturas ideais”.

Considerando arábica e canéfora, a produtividade média da safra de café do país em 2022 foi estimada em 29 sacas/hectare, 10% acima de 2021, mas queda de 13,4% ante 2020.

“Mesmo o volume a ser colhido superando o da safra passada, ele ficou abaixo do esperado”, notou a Conab.

Até o final de abril, a estatal havia registrado colheita de 5,9% da safra brasileira, que se inicia pelas áreas de conilon e robusta, em Rondônia e Espírito Santo, por exemplo. Neste momento, também já há trabalhos em cafezais de arábica, concentrados em Minas Gerais e São Paulo.

A Conab apontou aumento de 1,9% na área de café do Brasil em 2022, para 2,24 milhões de hectares, sendo 1,84 milhão em produção (+1,8% ante 2021) e 401 mil hectares em formação (+2,5%).

“Os efeitos adversos do clima, ocorridos entre junho e setembro de 2021, com restrição hídrica severa e geadas em algumas áreas, afetaram o planejamento dos produtores, ocorrendo adiamento da tomada de decisões sobre o direcionamento das áreas em produção, seja para mantê-las ou reformá-las”, comentou a companhia.

Minas Gerais, Estado com a maior área em produção e formação de café, destinou 1,33 milhão de hectares para a cultura, aumento de 2,7% em relação à safra 2021, e é responsável por 60% de toda a área cultivada no país.

EXPORTAÇÕES

A Conab destacou que o Brasil, maior produtor e exportador mundial de café, exportou 14,1 milhões de sacas no acumulado dos quatro primeiros meses de 2022, o que corresponde a uma redução de 10,8%, na comparação com igual período de 2021, pela baixa oferta interna após a redução na safra 2021.

“Após a queda das exportações de café no ano anterior, a recuperação das exportações em 2022 é restringida pelo estoque reduzido neste primeiro semestre do ano e limitação do potencial produtivo da safra atual”, disse a Conab, sobre as perspectivas para o ano.

A agência do governo disse que a colheita da safra 2022 já se iniciou em muitas regiões produtoras, e deve ganhar força entre maio e junho.

“No entanto, apesar do ano de bienalidade positiva do arábica, não é esperado um crescimento expressivo da produção em razão da seca e das geadas que antecederam a floração dos cafezais”, disse.

(Por Roberto Samora)

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