São Paulo, 22 – O Brasil deve colher 61,62 milhões de sacas de 60 kg de café beneficiadas, considerando-se os tipos arábica e conilon (robusta), o que corresponde a um aumento de 25% em relação ao ano passado (49,31 milhões de sacas). Será a segunda maior safra brasileira de todos os tempos, atrás apenas da colheita de 2018, quando a produção total alcançou 61,66 milhões. Os números fazem parte do terceiro levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado nesta terça-feira, 22.

Conforme a Conab, o aumento na produção “decorre do avanço na produção do café arábica em virtude da bienalidade positiva, que resultou no incremento de produtividade nas principais regiões produtoras. Enquanto em 2019 o rendimento nacional foi estimado em 27,2 sacas/hectare; para esta temporada, o resultado do atual levantamento está apontado um rendimento de 32,7 sacas/ha, representando uma evolução de 20,2%”.

“A erradicação de áreas pouco produtivas é apontada como uma das razões para o rendimento apresentar-se maior. Outros fatores, como o investimento em tecnologias, e mesmo as questões climáticas favoráveis atingindo as lavouras de uma maneira geral, constituem os demais fatores para explicar a melhora no desempenho geral”, acrescenta a Conab.

A área total (em formação e em produção) está estimada em 2,16 milhões de hectares, aumento de 1,4% ante o ano passado (2,13 milhões de hectares).

Conforme a Conab, a safra 2020 está na etapa final, com mais de 90% da produção já colhida. A consolidação dos dados será feita pela estatal em dezembro, na divulgação do 4º e último levantamento da safra 2020.

O grande destaque desta safra é o café arábica, que tem produção estimada em 47,4 milhões de sacas, crescimento de 38,1% sobre o ano passado (34,3 milhões de sacas) e se aproximando do recorde de 47,5 milhões de sacas alcançado na bienalidade positiva anterior (2018). Neste ano, o clima foi favorável nas fases de floração e frutificação, diz a Conab.

Já a produção de café conilon enfrentou condições climáticas desfavoráveis no Espírito Santo, durante a fase de floração da cultura, provocando impacto negativo no potencial produtivo dessas lavouras, que levaram à queda de 5,1% na produção nacional, de 15,01 milhões de sacas para 14,25 milhões de sacas.

Minas Gerais, maior produtor do País, deve colher 33,5 milhões de sacas, 36,3% a mais que no ano passado, sendo 99,1% de arábica e 0,9% de conilon.

Para o Espírito Santo, maior produtor nacional de conilon, a estimativa é de 13,6 milhões de sacas, com aumento de 49,1% para o café arábica (4,5 milhões de sacas) e queda de 13% para o conilon (9,1 milhões de sacas).

São Paulo deve colher 6,2 milhões de sacas de arábica e a Bahia, 4,1 milhões, com o aumento de área em produção, áreas irrigadas e clima mais favorável. Nos outros Estados, como Rondônia, a previsão é de 2,4 milhões de sacas de conilon, enquanto no Paraná, de 937,6 mil sacas de arábica. Das lavouras do Rio de Janeiro devem sair 346 mil sacas de arábica; de Goiás, 240,5 mil sacas também de arábica e, de Mato Grosso, 158,4 mil sacas de conilon.

Segundo a Conab, o cenário de preços elevados motivou o produtor a vender boa parte da safra antecipadamente. A comercialização da safra 2020/21 (julho a junho) está por volta de 60%. No mesmo período do ano passado, havia sido vendida 47% da safra esperada, parcela semelhante à média dos últimos cinco anos para este período, que é de 45%.

“Com a safra volumosa e a colheita acelerada pelo clima firme, tem havido pressão acima do normal nos canais de escoamento do produto, o que já se reflete em queda de preços”, informa a Conab.

A estatal explica que o 2º Levantamento deveria ter ocorrido em abril quando, normalmente, menos de 20% da produção estaria colhida. Com as medidas de restrição em virtude da pandemia de covid-19, a Conab adequou as rotinas e suspendeu viagens, contatos presenciais, visitas e medições nas lavouras naquele período. Por isso, houve o cancelamento do segundo levantamento.

Com a retomada das visitas a campo em julho, atendendo a todas as medidas de segurança recomendadas pelas áreas de saúde, o levantamento atual traz dados e informações sobre as condições das lavouras, os aspectos climáticos e os seus efeitos sobre a produção, bem como os desafios enfrentados pelo setor no cenário de pandemia.