Cada vez mais popular entre os brasileiros, os serviços por assinatura começam a ganhar espaço e mostram que vieram para ficar. Com um simples clique, os consumidores conseguem assinar programas de aluguel de carros, apartamentos alugados com toda a mobília e wifi inclusos, serviços de educação, de música, filmes e séries, livros, roupas e o que mais for possível comprar com dinheiro.

Mais famosos entre os serviços on demand, Netflix e Spotify são exemplos de produtos que romperam barreiras e estabeleceram um “novo normal” entre os consumidores. É bem possível que você tenha até mais do que um serviço de streaming pago caindo mensalmente no seu cartão de crédito, o que reforça a tese de que essas facilidades caíram no gosto popular.

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“É uma tendência que veio para mudar o comportamento das pessoas em relação a diversos tipos de bens e serviços. O que antes era contratado por simples demanda, em um valor mais alto, vem se popularizando no modelo de assinatura que é mais acessível”, disse André Burgos, Head of Sales B2B do LIT, uma edtech (empresa que usa a tecnologia para criar soluções em educação) da Saint Paul Escola de Negócios.

Ele explica que no segmento da educação, por exemplo, a pessoa contratava cursos e se limitava ao ciclo determinado pela instituição, pagando por um pacote cheio, mais caro, e que nem sempre atendia alguma demanda específica daquele consumidor. Hoje, com serviços  por demanda, a pessoa pode estudar no próprio ritmo e escolhendo o que vai aprender, por um preço mais acessível.

Serviços flexíveis e que se adequam ao seu bolso

Não é só a TV a cabo que está deixando de ser prioridade para os consumidores que apostam no Netflix, Amazon Prime, HBO Max, Disney+ e outros serviços que oferecem conteúdo pago e com diversidade de catálogo.

Empresas como a Allugator, que oferece uma assinatura de diversos modelos do iPhone, começam a romper com a ideia de financiar um celular que fica desatualizado assim que um novo modelo é lançado no ano seguinte. No site é possível alugar um iPhone 12 128GB por R$ 3.012 no ano, ou uma versão de 64GB por R$ 2.717.

“As pessoas estão tendo cada vez mais facilidade para mudanças, sejam elas quais forem, desde carreira, moradia, etc. O mundo está cada vez mais volúvel, mais globalizado, tendo cada vez fronteiras menores e isso está facilitando esse tipo de personalidade de “desapego”. Muitos serviços hoje já vão em direção à não propriedade, ao compartilhamento”, completou Burgos.

Mais sofisticados, apps como o Turbi oferecem carros por prazos de aluguel diário ou períodos mais longos, com seguro, documentação e gasolina inclusos para o cliente. O Drive Select segue a mesma tendência de assinatura, mas voltado para o segmento de luxo. Outros programas mais pontuais, baratos e apostando na curadoria, oferecem vinhos, caso da Clube Wine; discos de música, com a Noize Record Clube a Três Selos; e livros, com a Tag Livros.

Até roupas é possível assinar. Na Clo.Rent os clientes recebem roupas todo mês pagando por pacotes a partir de R$ 189.

“É muito cedo para falar que (o mercado) vai se manter assim, até pela característica intrínseca do ser humano de propriedade, mas, com certeza, isso está causando impacto em como a sociedade enxerga diversos segmentos”, completou o professor.

Existe um ‘momento ideal’ para assinar esses serviços?

A resposta para a pergunta acima é: depende. É o seu bolso que vai apontar se existe condição de apostar em serviços com vencimento mensal. Além disso, a sua própria demanda e necessidade são fatores determinantes para mostrar se algum serviço é, de fato, essencial neste momento.

“A palavra do momento é customização, respeitar diferenças, equidade. O que pode ser bom para você, pode ser que não me atenda. Quem mora em grandes centros tem facilidade de acesso a transporte público, pode querer não ter carro, por exemplo. Mas foi possível ver, durante a pandemia, uma tendência do home office em lugares fora dos grandes centros, com pessoas procurando mais qualidade de vida e tranquilidade. Será que para esta pessoa, sem acessos fáceis a transporte, ficar sem um carro próprio é um cenário factível? Enfim, o momento certo é quando você enxergar a possibilidade”, apontou o especialista.

Qual é a conta que devo fazer para identificar o melhor momento?

André Burgos responde: Aqui vão existir duas contas a serem feitas, uma objetiva e outra intangível, que vai depender dos seus valores e do que é importante para você. No caso de um carro, por exemplo, objetivamente você vai ter que colocar na balança os custos de aquisição do bem, de manutenção, impostos, desvalorização, seguro, etc. Subjetivamente você vai ter que aceitar que o bem não é seu, que você não pode fazer o que quiser com ele, como customizações, por exemplo, algo que é frequente no mundo dos carros.

A assinatura te traz alguns pontos negativos também no caso de bens materiais, já que no final do contrato o bem não é seu. Você não vai ter um carro na sua garagem, então precisa estar claro que o usuário tem que aceitar muito bem o conceito de uso e não de posse. É você entender que o que está assinado é sua mobilidade e não o bem em si. Neste aspecto, eu acredito que o modelo de assinatura de serviços é muito mais próximo da identidade do ser humano que o de bens materiais, por ser complicado você entender que pagou por aquele bem e não tem ele.

É o caso de pagar aluguel ou comprar uma casa, que nada mais é e sempre foi, um serviço de assinatura onde você paga pelo uso da casa e, no final, não tem o bem.