O bilionário argentino Gregorio Perez Companc é fã da alta velocidade, seja a bordo de seu Ford Cobra 1966, seja na direção dos negócios da família. Depois de fazer parcerias no Brasil no setor de eletricidade, em concessionárias, cartões de crédito, shopping e concessão de televisão, Companc está investindo na área alimentícia. No ano passado, comprou a Queijo Minas, que, apesar do nome, está sediada em Recife. E tratou de acelerar. Já está erguendo, ao custo de R$ 26 milhões, uma fábrica no Complexo de Suape, em Pernambuco, com inauguração marcada para 2001. Ousadia e capacidade financeira não lhe faltam. Tanto que adquiriu a líder argentina Molinos Rio de La Plata, a La Paulina e a Molfino. Esta última controla os negócios lácteos no Brasil.

Os aportes em alimentos, entretanto, ainda estão longe de ser comparados ao império petrolífero de Companc. O objetivo do homem mais rico da Argentina e dono de uma das maiores fortunas das Américas ? US$ 2,1 bilhões, segundo a revista Forbes ? é formar uma grande empresa de alimentos no Mercosul. A meta é extremamente ousada, levando em conta que entre seus concorrentes estão gigantes mundiais como Nestlé e Parmalat, ou fortes empresas nacionais, como Sadia e Perdigão. ?Não nos interessa entrar em confronto direto com as multinacionais?, garante Juan Manuel Forne, porta-voz de Companc para a área alimentícia. Prova disso é o foco da Queijo Minas na produção de queijos finos, com poucos concorrentes, como o grupo Bolgrain, fabricante das marcas Campo Lindo, Luna e Skandia.

?A família Perez Companc pensou, corretamente, em comprar uma empresa láctea no Brasil para completar o investimento feito na Argentina?, diz Forne, que esteve no País na última semana. Segundo o executivo, as características da Queijo Minas casam com os anseios do grupo. Estava com passivo de R$ 20 milhões e, portanto, precisava de um investidor. Por outro lado, ela é líder no Norte e Nordeste, regiões onde os produtos argentinos chegariam a custos elevados. A nova empresa chama-se Prolane ? Produtos Lácteos do Nordeste e a direção continua a cargo de Mauro Resende. Em seis meses, ele abriu filiais em Salvador e em Belém e planeja chegar a Brasília e a algumas capitais do Sudeste no próximo ano. ?Até 2003 seremos uma marca de alimentos nacional?, diz Resende.

A receita deverá crescer 32% este ano, chegando aos R$ 77 milhões. O que não é nada perto dos R$ 500 milhões programados para 2005. O carro-chefe da empresa continuará sendo a linha de queijos, mas há diversificações, com enlatados e achocolatados. A Prolane também distribuirá produtos argentinos, como o óleo de girassol La Sabrosa. ?A Queijo Minas pode ser a primeira de muitas aquisições do grupo por aqui?, diz Clarissa Saldanha, analista do Banco Brascan. Desta forma, Gregorio Perez Companc vai montando seu império.