O potencial do mercado global de créditos de carbono é enorme. Um estudo recente do Instituto Internacional De Finanças (IFF) estima que esse segmento pode alcançar US$ 100 bilhões ao ano até 2050. O caminho para a consolidação desse segmento ainda é longo e esbarra em alguns obstáculos. O principal é a medição do carbono sequestrado no solo. Ferramentas disponíveis hoje são confiáveis, mas muito caras para o uso em larga escala.

Por isso, as startups que estão trabalhando em soluções para o problema têm despertado a atenção dos investidores e de grandes players do agro. É o caso da Regrow, fundada em fevereiro a partir da fusão entre a australiana FluroSat e a americana Dagan. A agtech criou uma plataforma de monitoramento e verificação que engloba análise histórica e projeções de sequestro de carbono para oferecer dados confiáveis e facilitar a implantação de projetos de agricultura de baixo carbono.

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A empresa acabou de captar US$ 17 milhões em uma rodada de Série A, de acordo com o AgFunder News. Entre os investidores estão a gigante Cargill e a Microsoft, além de fundos de venture capital focados em agritech e soluções climáticas, como o americano Ajax Strategies e o australiano Tenacious Ventures. Com os recursos, a startup quer expandir sua atuação para outros países. O Brasil é um dos principais destinos, bem como Canadá, Austrália e Europa.

A iniciativa não é isolada. Há a agtech americana Indigo, que lançou seu marketplace de créditos de carbono em 2020. A empresa emite créditos no valor de US$ 20 (equivalentes a 1 tonelada de carbono), vendidos a clientes corporativos. Após a safra, a startup usa sua tecnologia para verificar se os produtores realmente capturaram o carbono, remunerando os agricultores de acordo.

Grandes players também estão de olho nas oportunidades. Em junho, a Bayer anunciou a nova etapa de sua iniciativa Pro Carbono aqui no Brasil. Em parceria com agricultores locais, a empresa vai oferecer consultoria para a implementação de técnicas mais sustentáveis e fazer a mensuração dos ganhos de produtividade e rentabilidade durante três anos. E essa não é a única frente em que a multinacional está atuando. Ela também já é uma das clientes interessadas na solução da Regrow, junto com outras grandes empresas do setor, como a General Mills, a Cargill e a organização The Nature Conservancy.

A movimentação do setor mostra que há uma preocupação importante em superar esse obstáculo. Com uma maneira clara e barata de mensurar a captura de carbono fica mais fácil mostrar ao produtor que as práticas sustentáveis não são apenas necessárias para conservar o planeta, mas também podem ser mais rentáveis, à medida que ele ganha acesso ao mercado de créditos.