Não há nenhum sintoma característico que nos permita distinguir as diferentes variantes da Covid-19. Dores musculares, fadiga, dor de garganta e febre são compatíveis tanto com a Delta, a variante que predominou por mais tempo, como com a Ômicron, versão mais recente do coronavírus.

Então, como é que se sabe realmente se alguém contraiu especificamente a Ômicron? A única maneira de saber é através de um teste de PCR e do respectivo sequenciamento do genoma completo do vírus.

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Com a explosão de casos massivos causados ​​pela Ômicron em dezembro, a maioria dos infectados fez um teste de antígeno ou autoteste em casa para verificar se estava positivo ou negativo. Apenas os casos mais graves chegaram ao hospital e esse é o único local onde são realizados estudos mais completos. O resto dos cidadãos deve se limitar a apenas suspeitar de ter tido a variante que substituiu as outras no momento do contágio.

De acordo com os últimos dados do Ministério da Saúde de Portugal, atualmente mais de 90% dos casos de Covid-19 são causados ​​pela Ômicron, o que significa que há mais probabilidades de alguém contrair esta variante.

Na Espanha, o sequenciamento do genoma do vírus foi reservado a alguns hospitais que funcionam como sentinelas da Covid-19. O serviço de Microbiologia lançou uma estratégia de identificação rápida de casos suspeitos. A nova variante é procurada em todos os testes de PCR positivos, independentemente da sua origem. Como era muito caro sequenciar o genoma completo do vírus, foi estabelecido um processo que permite analisar apenas aqueles que têm maior probabilidade de testar positivo.

“Estamos à procura daqueles que ‘cheiram’ a Ômicron”, disse Darío García de Viedma, diretor da Unidade de Genómica Microbiana do Hospital Gregorio Marañón, em Madrid, ao ‘ABC’. Para isso, estabeleceram uma estratégia de três etapas na qual realizam análises mais simples em busca de pistas que os façam suspeitar que se trata da nova variante para descartar o resto.

Tudo começa com um teste de PCR. As amostras que são positivas são testadas para uma falha de amplificação no gene S. Este é o primeiro sinal indicativo de Ômicron.

“Existem outras variantes que têm esta peculiaridade, mas basta isto para nos alertar. Nessa mesma amostra, fazemos uma nova análise para procurar outras quatro mutações indicativas. Se o alerta ainda estiver ativo, decidimos sequenciar todo o genoma do vírus”, explica o especialista.