Maior felino do continente americano, podendo chegar a 158 quilos, a onça-pintada está perdendo a luta para o homem. De acordo com o WWF-Brasil, no ano passado, entre 400 e 1,5 mil indivíduos da espécie foram mortos ou feridos gravemente em decorrência das queimadas criminosas na Amazônia. Estima-se que os incêndios deste ano, na região e também no Pantanal, seus dois principais habitats no Brasil, levaram a óbito outras centenas delas. Além do extermínio em massa causado pelo fogo, há um número considerável de mortes que acontecem pelo conflito homem- -animal. Normalmente esse ataque reverso é registrado após o felino avançar contra o gado e, sobretudo, contra animais de estimação.

De acordo com estimativas do Instituto Onça Pintada (IOP), cerca de 1 mil animais são abatidos por ano por pequenos agropecuaristas. “O ataque de uma onça inviabiliza a sobrevivência de uma família de pequenos produtores rurais, por isso ele a abate”, disse Leandro Silveira, fundador do IOP. A saída, segundo o especialista, estaria em criar sistemas para compensar quem convive com os animais em seu quintal — e quer mantê-lo vivo, mesmo após um ataque em sua propriedade. De outra forma será difícil preservar a espécie cuja parcela estimada em 87% da população está em área de produção agropecuária. Somente 5% estão em áreas de preservação e, essas, dificilmente irão voltar para a natureza aberta. “Normalmente são indivíduos órfãos que não aprenderam com suas mães onde e como caçar ou mesmo beber água. Abrir a jaula e liberá-los, apesar de parecer bonito, é uma irresponsabilidade técnica”, afirmou. O restante dos animais vive próximo às cidades.

O foco para sua preservação, portanto, depende da consciência de que a onça pode causar prejuízo, mas sua extinção custa ainda mais ao planeta.

Evandro Rodrigues

(Nota publicada na edição 1202 da Revista Dinheiro)