Os governos petistas, principalmente os mandatos da ex-presidente Dilma Rousseff, foram responsabilizados pela destruição da economia brasileira a partir de 2015. E tiveram culpa. A corrupção nas estatais, a promiscuidade na relação do governo com grandes empresas, a intervenção excessiva na economia e a inabilidade em manter em pé os pilares macroeconômicos empurram o País para o centro de uma espiral de problemas. A roubalheira generalizada fez surgir a Lava Jato. A Lava Jato derrubou as empresas. A crise alimentou o impeachment de Dilma. O impeachment e o antipetismo criaram o ambiente perfeito para o agravamento do radicalismo. O radicalismo levou à presidência o que hoje está aí. Sem que a maioria percebesse, a economia foi, pouco a pouco, corroída.

Os equívocos de Lula e Dilma, inegáveis para quem analisa sem paixão, têm sido aprimorados com excelência por Jair Bolsonaro. A cada nova declaração, a cada nova live nas redes sociais, a cada piada irônica para os fãs no cercadinho do Palácio do Planalto, o presidente mostra que tem o dom de piorar o que já está ruim. O PIB está parado. A inflação, fora de controle. O desemprego estagnado em patamares elevados. Os juros em trajetória de alta traçam um cenário de mais dificuldade nos próximos meses. Ainda assim, o Messias segue firme em sua destruição.

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Na sexta-feira (7), Bolsonaro deu mais uma canetada errada. Ele vetou integralmente o projeto que previa a criação de um programa especial de parcelamento para as empresas do Simples Nacional. O projeto criava o Programa de Reescalonamento do Pagamento de Débitos (Relp), que permitia o parcelamento dos débitos tributários das empresas do Simples em até 180 meses.

A iniciativa era vista por vários setores da economia, como o de bares e restaurantes e outros prejudicados pelas restrições impostas pela pandemia, como um meio de manter os negócios em funcionamento em meio à crise. A estimativa é que o programa de parcelamento tinha potencial para renegociar R$ 50 bilhões em dívidas acumuladas por 16 milhões de micro e pequenas empresas.

A decisão é trágica para a economia, para as empresas, para o ambiente de negócios. O fechamento de micro e pequenas empresas representa mais desemprego e o adiamento da recuperação. O veto traz ainda mais incertezas para 2022, ano em que a corrida eleitoral vai contaminar, em alguma medida, a performance econômica. Sob Bolsonaro, a arte de destruir a economia ganha novos significados.