Em 2002, o empresário Iron Daher começou um negócio que ele achava que seria promissor. Em Goiânia, ele fundou a Griaule para desenvolver sistemas de biometria. Dois anos depois, a startup foi selecionada para ser incubada na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Até hoje, a cidade é a sede da empresa, que faturou R$ 16 milhões, no ano passado.

Essa receita relativamente baixa não significa que a Griaule não obteve sucesso. Ao contrário. A empresa já fornece seus sistemas para 70 países e conta com mais de quatro mil clientes. Entre eles, estão o Tribunal Superior Eleitoral, a Caixa Econômica Federal e a Polícia Civil do Distrito Federal.

Mas, neste ano, a Griaule conseguiu o seu maior contrato no exterior. O Departamento de Defesa dos Estados Unidos escolheu a empresa campineira para fornecer sistemas de biometria para os governos do Iraque e Afeganistão. O valor do contrato é de US$ 75 milhões e envolve um amplo consórcio internacional, na qual a companhia brasileira faz parte.

“Nosso sistema é voltado para o big data”, afirmou Renato Burdin, responsável pela área operacional da Griaule (o fundador Daher permanece na presidência, mas não está mais no dia a dia da empresa). “Ele permite trabalhar de forma eficiente e singular uma grande quantidade de dados.”

O contrato consiste em construir o sistema de Identificação Biométrica Automatizada do Afeganistão e Iraque. A tecnologia da Griaule vai armazenar e certificar 50 milhões de identidades biométricas iraquianas e 30 milhões afegãs. “Vamos substituir o sistema antigo, melhorando suas capacidades”, afirma Burdin.

A companhia brasileira é dona de um algoritmo que é capaz de trabalhar com diversos métodos biométricos, como íris, impressões digitais e palmares, imagens faciais, entre outros. Ela não desenvolve hardware, mas integra sua plataforma a qualquer equipamento.

Por esse motivo, a empresa não conta com uma grande quantidade de funcionários. São apenas 35, a maioria voltado para o desenvolvimento do algoritmo. Neste contrato com o Departamento de Defesa, funcionários da Griaule não precisarão se deslocar para o Oriente Médio. O trabalho será feito pelos parceiros internacionais do consórcio RS3JV, liderado pela americana Enterprise Information Service, uma grande integradora dos EUA.