São Paulo, 27 – O mercado futuro de soja dos Estados Unidos recebeu com alívio as notícias de novas encomendas da China para entrega nas temporadas 2019/20 e 2020/21, afirma o banco alemão Commerzbank. A ausência de compras chinesas da oleaginosa desde a metade do mês de maio vinha exacerbando a incerteza de investidores quanto ao cumprimento do acordo comercial sino-americano, firmado em janeiro deste ano.

O temor é consequência da retomada recente das tensões geopolíticas entre os países, com o presidente dos EUA, Donald Trump, responsabilizando os chineses pela propagação da pandemia do novo coronavírus.

Nesta terça-feira, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês) reportou venda avulsa de 258 mil toneladas de soja para o país asiático, o que deu suporte aos preços futuros na Bolsa de Chicago (CBOT). Além disso, o país também comercializou 216 mil toneladas de farelo de soja da safra 2019/20 para destinos não revelados, informou o USDA.

Traders desconfiam que a nomenclatura é usada para se referir a compras da China. No pregão de ontem, analistas do banco alemão ressaltam que a valorização da moeda brasileira ante a norte-americana também ajudou a sustentar o mercado, já que o Brasil é o principal concorrente dos EUA na comercialização de soja.

O Brasil também forneceu um apoio aos futuros de milho na Bolsa de Chicago, em virtude das condições climáticas desfavoráveis para o desenvolvimento do cereal. A estiagem nas principais áreas de cultivo levou a Agroconsult a revisar para baixo a previsão para a safrinha de milho no País, para 71,3 milhões de toneladas. Até o fim de março, as estimativas apontavam para mais de 74 milhões de toneladas do cereal. “Mesmo que esse número seja ajustado ligeiramente para baixo, é improvável que isso impeça que o mercado de milho seja amplamente abastecido, principalmente na próxima temporada”, avaliam analistas do Commerzbank, em comentário diário enviado a clientes.