O julgamento do ex-presidente francês Nicolas Sarkozy no caso Bygmalion – pelos gastos excessivos de sua campanha presidencial de 2012 – teve início nesta quarta-feira (17), sem a sua presença, no Tribunal Criminal de Paris.

Duas semanas depois de ser condenado à prisão por corrupção, o ex-presidente comparece desta vez por “financiamento ilegal de campanha”.

No entanto, o julgamento tem grande probabilidade de ser adiado para uma data posterior, uma vez que o advogado de Jérôme Lavrilleux, um dos 13 co-réus, precisou ser hospitalizado.

Jérôme Lavrilleux, ex-vice-diretor da campanha do então presidente em fim de mandato, foi o primeiro a confessar ter participado do esquema de faturas falsas, despesas com valores abaixo da realidade e despesas voluntariamente omitidas das contas submetidas ao controle final. Sem advogado, ele chegou ao tribunal sozinho.

Os advogados dos 14 réus no total – ex-membros da Bygmalion e do partido conservador UMP (União para um Movimento Popular, agora Os Republicanos), contadores credenciados – juntaram-se ao pedido de adiamento e a Promotoria não deve se opor. Nesse caso, o julgamento poderia começar para valer apenas em maio.

Nicolas Sarkozy, afastado da política desde 2016, continua muito popular e muito influente na direita, onde nenhuma figura se impõe para representar o partido conservador Os Republicanos nas urnas.

Enquanto ainda era visto por alguns da direita como um possível candidato às eleições presidenciais de 2022, ele foi condenado em 1º de março a três anos de prisão, um deles em regime fechado, por corrupção e tráfico de influência no chamado caso das “escutas”.

Sarkozy, porém, não foi para a prisão, uma vez que sua pena de um ano de prisão em regime fechado pode ser comutada e o tribunal não ordenou sua detenção após pronunciar o veredito.

Desta vez, enfrenta a possibilidade de pena de um ano de prisão e uma multa de 3.750 euros por “financiamento ilegal de campanha eleitoral” no caso Bygmalion, que levou a crises em cadeia na direita à medida que as revelações avançavam.

Sarkozy disse que só comparecerá às audiências a seu respeito.

Ao contrário dos seus co-réus indiciados por fraude ou cumplicidade, ele não é apontado como culpado do sistema de faturas falsas, imaginado para ocultar os gastos excessivos da sua campanha.

Mas, de acordo com a acusação, Nicolas Sarkozy deixou escapar gastos apesar de vários alertas claros sobre os riscos de ultrapassar o teto e ele “sem dúvida” se beneficiou da fraude que lhe permitiu ter “meios muito maiores” do que os autorizados pela lei: ao menos 42,8 milhões no total, quase o dobro do teto legal à época (22,5 milhões de euros).

A direita aponta um “assédio judicial” contra ele. Sarkozy recorreu de sua condenação no início de março a um ano de prisão no chamado caso das “escutas” e não descarta ir à Corte Europeia de Direitos Humanos (CEDH).